A maioria das pessoas talvez esteja dormindo e nem perceba a hora passar. Mas tem quem sinta na pele – ou, pelo menos, no bolso – cada um dos 60 minutos que se perde no dia em que entra em vigor o horário de verão, que neste ano começa no próximo domingo, quando será preciso adiantar os relógios em uma hora.
Antes dos efeitos de dias que terminam mais tarde e noites que demoram a chegar serem sentidos (e saudados por muitos; lamentados por outros tantos), a "hora da virada" também faz suas vítimas. Quando o intervalo entre 0h e 0h59min é subtraído do dia, quem trabalha ou depende de serviços nesse período acaba sendo afetado.
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É o caso de quem passa pela Rodoviária de Porto Alegre, chegando ou partindo em plena troca de horário. Trabalhando há 40 anos no Ki-Lanches, um dos bares que ficam abertos 24 horas no local, Simeão Machado da Silva já viu muita gente perdida. Ou porque não sabia em qual dos horários o ônibus marcado para a meia-noite sairia, ou porque tinha acordado pensando que ainda estava em vigor o horário antigo e perdido a viagem.
– O bom dessa troca de horário é que fica bem no meio do fim de semana, então não atrapalha tanto. O fluxo é menor. Mas sempre tem quem acabe dormindo demais ou se perdendo nas contas – destaca Machado.
Há 11 anos trabalhando na Rodoviária da Capital, Rosângela Christofani vê as dúvidas de quem tem viagem marcada aumentarem quando se aproxima o dia da mudança de horário. Nesses períodos de troca, ela já se acostumou a atender, no balcão de informações, pessoas perguntando se o ônibus que elas estavam esperando, sem se dar conta do novo horário, já tinha partido. Acostumou-se, também, a explicar como o sistema funciona quando a troca se aproxima.
– Se o ônibus sai à meia-noite, o passageiro tem que estar lá dentro antes disso, independentemente do horário de verão. Se sai à 1h, 1h30min, é preciso estar atento ao novo horário.
Uma hora a mais, uma a menos durante a madrugada não faz muita diferença no orçamento, segundo os responsáveis pelos restaurantes que operam nesse período na Rodoviária. O movimento durante essa parte do dia é pequeno, e o maior problema por lá acaba sendo mesmo para quem se perde nos ponteiros. Mas, para locais mais movimentados de consumo, a realidade é outra.
Bares têm estratégia para driblar "tempo perdido"
Para quem está em pleno turno de trabalho durante a mudança, a chegada do horário de verão não chega a ser ruim – afinal, pode-se acabar trabalhando uma hora a menos. Quem vive do comércio, porém, lamenta essa diferença para as vendas. No Boteco Pinguim da Avenida Assis Brasil, em Porto Alegre, a ordem será estender o horário normal de funcionamento. De sábado para domingo, o bar fecha às 3h. No dia em que o horário de verão entrar em vigor, o gerente vai abrir uma exceção.
– Uma hora no início da madrugada, com casa lotada, faz muita diferença no lucro. Como o cliente não deve assimilar a mudança na hora, já estamos trabalhando com a ideia de estender o funcionamento. Só depois vamos realmente adotar o horário de verão – garante Hilton Serpa.
Márcio de Paoli, sócio-gerente do Bar do Beto na Rua Sarmento Leite, pensa o mesmo. E tem até uma explicação para quem não se dá conta de que o relógio pulou uma hora.
– Bebendo, o pessoal nem vai perceber que a hora passou. Mas, para a gente, faz diferença.
Dicas para não se perder
- Se a viagem está marcada para a meia-noite do sábado para domingo, esteja no local com antecedência. Não tem erro: quando o ponteiro passar das 23h59min, já será quase hora de partir.
- Se o bilhete indica um horário no início da madrugada, atenção: a saída está marcada já no horário novo. O ônibus da 1h30min, por exemplo, equivale a 0h30min em um relógio não adiantado.
- As partidas no início do dia também podem gerar confusão. Prepare-se para ter uma hora a menos de sono e acordar já no horário de verão, ajustando relógios e despertadores analógicos.
* Zero Hora