Ricardo Kersting
Escultor
O encontro de oito escultores numa pedreira abandonada na Áustria, organizado pelo artista Karl Prantl em 1959, foi o primeiro Simpósio Internacional de Esculturas. Desde então, o legado da pedreira de Sankt Margarethen tem inspirado diversos eventos deste tipo pelo mundo, em dezenas de países, nos cinco continentes.
A ideia de criar um evento assim em Porto Alegre nasceu em 2011. Até então, nenhum Simpósio Internacional de Esculturas havia sido realizado no Rio Grande do Sul. Eu voltava da Itália para participar do Simpósio Internacional da cidade argentina de Trébol e estava pensando na história e no potencial da nossa produção escultural – afinal, temos tradição e, podemos dizer, uma escola própria de arte monumental representada por Caringi, Vasco Prado, Tenius, Stockinger... A cidade de Brusque (SC) já havia realizado Simpósios Internacionais durante oito anos ainda nos anos 1990. Conversando com colegas, nos questionamos sobre a possibilidade de realizarmos um encontro de escultores do Mercosul em Porto Alegre. No ano seguinte, ocorreram o Simpósio Internacional de Esculturas de Itapuã, em Viamão, o primeiro Simpósio de Bento Gonçalves e o Simpósio de Santa Maria.
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Chama-se de simpósio de esculturas o evento que reúne escultores para expor, in loco, seu processo criativo na execução pública de sua obra. Tais encontros podem ser internacionais, nacionais, regionais e inclusive municipais. O Atelier Livre da prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, recentemente realizou seu próprio Simpósio de Escultura em Pedra. Importantes simpósios se realizam em países como China, Rússia, Turquia, Chile, Argentina, Austrália, Japão, Coreia, França, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Egito, Irã, Israel, Romênia e mesmo no Brasil, com o já consagrado simpósio de Bento Gonçalves.
Nas Américas, praticamente todas as nações já os realizaram. Os simpósios internacionais de esculturas estão entre os eventos artísticos mundiais mais importantes dos últimos 50 anos. Durante esses encontros, a população local tem a oportunidade de conhecer métodos e processos criativos de artistas consagrados internacionalmente. Escolas e universidades são convidadas a assistir e a participar, proporcionando, assim, aos estudantes de todos os níveis, uma oportunidade ímpar de tomar contato com a escultura contemporânea mundial.
Logo, por que não termos um em Porto Alegre?
Porto Alegre é uma cidade privilegiada em termos de produção escultural: monumentos e obras de arte pública interagem com a paisagem urbana em constante transformação. É uma cidade que incentiva a formação de escultores e valoriza a arte pública. O Atelier Livre oferece aulas de escultura há quatro décadas. Eu mesmo fui um dos primeiros alunos. Hoje, com a atuação da Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do Sul, foi regulamentada a lei sobre esculturas em prédios de grande porte em Porto Alegre e criado o Dia do Escultor, comemorado dia 7 de agosto com uma exposição coletiva na Casa de Cultura Mário Quintana.
Dada a importância da Capital como polo de produção escultural, foi estabelecido um projeto para a realização do Encontro Internacional de Esculturas de Porto Alegre. O Simpósio vai colocar nossa cidade no calendário dos eventos internacionais de escultura, reafirmando nossa vocação de prestigiar as artes visuais, tanto na produção de obras de arte como na revelação de novos artistas.
O SIMPÓSIO
Daqui a um ano, entre os dias 18 e 28 de setembro de 2017, no Anfiteatro Pôr do Sol, seis escultores brasileiros e seis estrangeiros, selecionados por curadoria, participarão do 1º Simpósio Internacional de Esculturas Cidade de Porto Alegre.
A programação ainda está sendo composta, mas três nomes já estão confirmados: os brasileiros Hidalgo Adams e Jorge Schröder e o italiano radicado no Brasil Renato Brunello.
Os participantes estarão reunidos para executar publicamente suas obras, divulgando a arte da escultura e favorecendo o intercâmbio cultural, produzindo uma exposição com esculturas em blocos de duas toneladas de mármore e granito.
A organização do simpósio está sob o encargo de Ricardo Kersting, idealizador e coordenador, Carlos de los Santos, Lúcio Spier e Ângela Guber na comissão organizadora e ainda Jacqueline Sanchotene na comissão de captação junto à Lei Rouanet.