A explicação é histórica, e opõe dois gênios da eletricidade: Thomas Edison e Nikola Tesla. Inventor da lâmpada elétrica, Edison demonstrava maior preocupação com a segurança e defendia um sistema de corrente contínua (DC) 110V, considerado mais seguro, mas menos eficiente. Tesla, ex-funcionário de Edison, era partidário do sistema de corrente alternada (AC) 220V, capaz de transmitir eletricidade por uma distância muito maior, mas que tinha como contrapartida, pelo uso de uma tensão mais alta, a necessidade de mais investimentos na prevenção de acidentes.
Nascia ali, na década de 1880, a principal diferença entre as tensões de 110V e 220V. A corrente AC de Tesla ganhou a disputa, por ser mais eficiente para transmissão a longas distâncias, e é o que usamos hoje em dia, mas muitos países mantiveram o "padrão americano" (110 volts) da corrente de Edison mesmo na corrente AC. Essa tensão exigia cabos mais robustos e caros, feitos de cobre puro, que chegavam às residências transmitindo uma voltagem menor, menos perigosa.
A proposta de Tesla foi adotada como o "padrão europeu" (220 volts), e carregava mais tensão com menos perdas, porém em uma época em que ainda se engatinhava no limiar entre eficiência energética e segurança.
Quando os países começaram a montar suas redes elétricas, a decisão entre um sistema e outro ficou por conta das companhias que deram início ao trabalho de iluminar cada cidade. A tensão escolhida dependia, basicamente, da origem dos primeiros empreendedores: americana, 110V; europeia, 220V.
A escolha é quase um caminho sem volta: depois de instaladas as grandes estações de energia e linhas de transmissão, fica inviável reformar toda a rede de distribuição e trocar todos os equipamentos consumidores. Não é uma regra, mas cidades mais jovens costumam adotar a voltagem maior, agora que há bem mais segurança no uso da eletricidade do que há dois séculos.
Portanto, já que no Brasil não há um padrão nacional único para a tensão, atribua às primeira concessionárias de energia na sua cidade ou região – e, claro, às inovações de Edison e Tesla – a decisão por você hoje usar 110V ou 220V em casa.