A cantora inglesa Adele surpreendeu o mundo quando apareceu 30 quilos mais magra. Na época, ela declarou que fez uma dieta restritiva, mas que não foi só isso. Havia se submetido a sessões de hipnose clínica, para entender melhor a sua relação com a comida e reprogramar a sua mente, afastando assim esta dependência, que sempre colocava em risco qualquer dieta que ela iniciava.
O resultado foi surpreendente, e todo mundo viu. No caso de Adele, as válvulas de escape emocional eram a comida e o cigarro, o que a afastou dos palcos por ter sua voz comprometida. Em outros, são as drogas, o jogo, todas as compulsões. Essas coisas são procuradas para aliviar a ansiedade, camuflar o medo e compensar as frustrações.
Cristina Grisotti é naturóloga e hipnoterapeuta, com consultório em Florianópolis e em São Paulo. Usa a técnica da hipnose clínica condicionativa para tratar qualquer problema de origem emocional dos pacientes.
– Todos os sintomas que vão aparecendo ao longo da vida possuem uma causa que está armazenada no subconsciente. Se a pessoa não tratar a causa, os sintomas não irão desaparecer e isso certamente desencadeará alguma doença psicossomática. Tudo o que você não resolve na mente, vai se manifestar no corpo – explica a especialista.
No mês passado, ela participou do 6º Congresso Sul-Americano de Hipnose e percebeu um crescimento no número de profissionais de diferentes áreas médicas que utilizam esta técnica em procedimentos e tratamentos.
– O que antes era mais restrito à psicoterapia, hoje está em consultórios médicos e odontológicos também – diz.
A hipnose clínica serve para tratar qualquer tipo de sintomas e doenças como depressão, pânico, medos em geral, fobias e traumas. A reprogramação mental para o positivo se aplica às mais diversas patologias e também pode ajudar no desempenho de quem estuda e quer um bom resultado em exames escolares e concursos em geral, garante a especialista.
A média nacional de valor das consultas varia entre R$ 180 e R$ 250.
Problemas são levados a um cofre imaginário
O primeiro passo da terapia pela hipnose clínica condicionativa é a entrevista, uma espécie de consulta chamada de anamnese, na qual o paciente expõe a situação que o incomoda e o que deseja para o futuro, fornecendo as informações que a terapeuta aplica no texto que conduzirá a reprogramação mental durante a hipnose. A sessão começa com um relaxamento, que vai ficando cada vez mais profundo.
Muitas pessoas chegam a dormir, mas mesmo assim as mensagens são assimiladas. Cristina explica que por meio desta técnica todos os registros negativos e bloqueios do paciente vão parar dentro de uma espécie de cofre imaginário, para não mais saírem de lá. A partir daí, é feita a reprogramação mental, focalizando de forma positiva aqueles pontos que o paciente deseja mudar na sua vida.
A administradora de empresas Luciana Bittencourt buscou a técnica para tentar sanar a fobia de direção. Ela conta que fez mais de 40 horas de aulas práticas numa autoescola e que tudo vai bem quando o instrutor está ao seu lado.
– O problema é quando fico sozinha. Fico tão nervosa que não consigo sequer dar a partida no carro. É pânico mesmo, e isso me entristece porque sei que dirigir um carro me daria a liberdade de ir e vir que eu tanto preciso – relata a paciente.
No dia em que a reportagem conversou com Luciana ela recém iria fazer a segunda sessão, mas garantiu que já se sentia melhor e estava muito motivada a continuar a terapia.
– Para dar certo, você tem que querer mudar verdadeiramente. Esta é a chave do sucesso – disse.