A reunião entre o Comando de Greve do Cpers/Sindicato e o governo do Rio Grande do Sul, representado pelo secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi, e pelo secretário interino da Educação, Luis Antônio Alcoba de Freitas, foi marcado por confusão e terminou sem avanços. A categoria continua a greve que foi decretada na última sexta-feira e diz aguardar uma nova reunião.
O encontro para discussão das reivindicações teve início às 9h. Do lado de fora da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), professores grevistas reuniam-se, acompanhados de estudantes de escolas ocupadas na Capital. Alguns alunos tentaram entrar no edifício, exigindo a presença de uma comissão de estudantes na reunião. O acesso foi barrado por seguranças e a confusão durou por cerca de 20 minutos. Funcionários da Seduc cogitaram acionar a Brigada Militar, mas foram impedidos por colegas.
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A reunião terminou por volta das 11h, duas após ter iniciado, sem negociação. De acordo com o secretário da Casa Civil, todas as reivindicações da categoria foram discutidas. A principal delas é o reajuste salarial dos professores em 13,1% – já descartado pelo secretário interino da Educação.
– Discorremos sobre pautas sem impacto financeiro, por exemplo as explicações dos percentuais da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), também o receio de alterações de planos de carreira. Mostramos que isso não estava no horizonte do governo. A reunião foi importante para distensionar – explicou Biolchi.
O secretário da Casa Civil afirmou que a reivindicação sobre o reajuste salarial será encaminhada à Fazenda, mas que não deve ser aprovada.
De acordo com o secretário interino da Educação, com a continuidade da greve. haverá corte no ponto dos professores que aderirem.
– Se houver recuperação das aulas, poderá ser feito o abono no ponto. Mas num primeiro momento, greve é falta ao trabalho e falta ao trabalho é corte no ponto – afirmou.
A questão da ocupação das escolas pelos estudantes também entrou na pauta da reunião. Segundo Freitas, uma reunião será marcada com uma comissão de estudantes.
– Nós nos comprometemos a dar um tratamento às ocupações a partir da área da educação. Jamais vamos tratar como um caso de polícia. Nós queremos conversar, algumas reivindicações são justas – disse.
Para a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, o único ponto positivo da reunião foi a garantia de que os alunos que ocupam algumas escolas não sofrerão repressões.
– Não tivemos nada de concreto em relação ao restante da pauta. A questão salarial nem sequer foi tocada. Sobre o piso, não vamos aceitar qualquer reenquadramento, mesmo que seja legal. Já as pautas mais específicas, o IPE e o plano de carreira, teve muita conversa. Por isso, propomos marcar uma nova audiência – explicou.
A próxima audiência, de acordo com Helenir, foi solicitada, porém não marcada. A exigência do sindicato é que o secretário da Fazenda participe do encontro, o que desta vez não ocorreu.
– Foi uma perda de tempo. Se perdeu muito tempo ouvindo falar novamente sobre todas as explicações em relação às finanças do governo. Saímos sem nada palpável, nada concreto, a não ser a garantia de não repressão aos alunos. A greve continua – indicou Helenir, que garantiu que metade das escolas do Estado aderiram à paralisação.