Quem usa a internet por meio de uma linha telefônica fixa pode ter de começar a se acostumar com o controle do uso de dados em casa. Usuários do tipo de banda larga mais comum no Brasil, a ADSL (que transmite dados através da linha de telefone) devem deixar de ter à disposição, ainda neste ano, o formato até então adotado por algumas operadoras, em que os planos são regulados por velocidade, sem um volume máximo de tráfego permitido. É a consolidação de um tipo de cobrança que lembra os tempos da internet discada.
A partir do ano que vem, todos os planos de internet fixa de Vivo, Net e Oi – três das principais operadoras de telecomunicação do Brasil – deverão ser oferecidos com limite de dados. Com a inclusão desse teto nos contratos das operadoras de telefonia, o uso que as famílias fazem da internet fixa pode mudar. Um plano intermediário, que no Brasil fica em torno de 15 Mbps (megabits por segundo), dará direito a uma franquia mensal que varia entre 80 GB e 100 GB, conforme a operadora escolhida. Isso significa que o usuário poderá navegar com a velocidade contratada até o tráfego de dados atingir esses valores.
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E se algo como 100 GB parece muito, basta fazer as contas para ver que, dependendo do uso, pode não ser o suficiente. Digamos que você goste de assistir a vídeos em alta resolução no YouTube, baixar álbuns de fotos em qualidade, atualizar jogos eletrônicos e assistir, uma ou outra vez na semana, aos últimos episódios da série de que gosta. Em questão de dias, lá se vão gigabytes e mais gigabytes de dados. No caso de famílias que usam muito a internet, cada acesso – e cada aparelho conectado – vai diminuindo essa franquia.
Três pessoas de uma casa que mantenham celulares, tablets, notebooks e aparelhos sem fio conectados durante o dia e recebendo notificações à noite podem ver seu plano se esvair bem depressa. Quando o plano chegar ao limite, nada de carregar um vídeo ou ver aquela foto imediatamente: a conexão com a internet terá velocidade bastante reduzida, isso se não for cancelada até o fim do mês.
Franquia ultrapassada, velocidade reduzida
O plano com franquia tem aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas precisa seguir algumas regras: só é permitido se a operadora informar o usuário sobre o consumo mensal e alertar quando a franquia se aproximar do limite contratado.
A restrição não é novidade para os usuários da Net, que adota a franquia de dados desde que começou a oferecer o serviço de banda larga. Quando o limite é ultrapassado, o usuário fica obrigado a navegar com a menor velocidade de internet oferecida pela empresa, de 2 Mbps. Na Oi, que também prevê em contrato uma franquia de consumo de dados mensal, a velocidade, quando esse limite é atingido, fica ainda menor: pode chegar a 300 Kbps, independentemente do plano contratado.
A Net explica que tem planos adequados para todo tipo de cliente, e apenas aqueles "que utilizam a conexão de forma muito distinta da maioria, geralmente com aplicações profissionais, ultrapassam o volume de dados disponível mensalmente".
Para os novos clientes de banda larga fixa da Vivo, a mudança passou a valer em fevereiro. Quem contratou o serviço antes disso não deve ser afetado pela alteração, a não ser que mude sua velocidade de conexão – caso em que serão adotadas as novas regras. Conforme a operadora, "não haverá cobrança pelo excedente do uso de dados até 31 de dezembro". A operadora não informou como ficam os contratos dos clientes GVT, adquirida pela Vivo.
A Oi informa que "não pratica o corte da navegação na internet após o fim da franquia", mas "prevê a possibilidade da redução da velocidade do serviço".