Não importa se um tablet ou um latptop são mais fáceis de carregar. Para o campuseiro, nome dado a quem participa da Campus Party, maior evento de tecnologia e internet do país, o importante é ter potência, não mobilidade. Pelas bancadas espalhadas pelo Pavilhão de Exposições do Anhembi, um espaço de 64 mil metros quadrados, em São Paulo, computadores de mesa estão por todos os lados. Quem passa o dia jogando e acampa aqui dentro, traz de casa a melhor máquina para os games.
Mas para um pequeno grupo, tradicional aqui na Campus Party, a potência do computador não é o mais importante, e sim, a aparência. Logo na entrada do lugar, eles expõem suas obras de arte, que, na verdade, um dia foram simples gabinetes de computadores de mesa, de cor neutra, sem graça. Essa transformação chamada de casemod (em tradução livre, modificação da caixa) atrai os olhares atentos dos campuseiros. No evento, eles são uma atração à parte.
Cerca de 41 computadores modificados estão expostos na Campus e vão competir entre si nesta sexta-feira, disputando quem tem o gabinete mais criativo e impressionante. Tem de tudo: caixas em formato de nave, com temática da personagem Hello Kitty e até mesmo um personalizado do filme O Poderoso Chefão.
De João Pessoa, na Paraíba, Alysson Cardeiro, 28 anos, trouxe o seu xodó, personalizado com um boneco do desenho Os Cavaleiros do Zodíaco, famoso no Brasil, principalmente nos anos 1980. A caixa foi feita de forma artesanal e é totalmente transparente, deixando a mostra todo o hardware. Para ele, as configurações avançadas ou uma grande potência não são fundamentais já que o computador é pouco usado em casa.
– Sempre pago excesso de bagagem para trazer meu trabalho para a exposição, esse modelo tem 27 quilos – diz Cardeiro, que demorou três meses para terminar o casemod.
Outro campuseiro experiente na arte é o comerciante Omar Majzoub, 28 anos, dono do case do O Poderoso Chefão, um dos favoritos de quem passa pela bancada onde todos os modelos estão expostos.
Desde 2008, o paulista vem à Campus Party e há sete anos começou a trabalhar nas suas próprias modificações, depois de se empolgar com o que viu por aqui. O gabinete inspirado no filme custou cerca R$ 12 mil e ganhou a competição em 2012. Majzoub, no entanto, recebe patrocínio de empresas fabricantes de hardware, o que é comum nesse meio.
– Eu faço tudo do zero. Com a alta do dólar, fica complicado montar configurações, nenhuma dessas peças são fabricadas no Brasil – diz.
Veja fotos do terceiro dia de Campus Party