Nos consultórios médicos, a crescente preocupação de gestantes e mulheres que planejam uma gravidez é notável. A relação dos casos de microcefalia com a infecção pelo zika vírus se tornou tópico essencial e rotineiro nas consultas obstétricas e ginecológicas. Nos exames de ecografia, perguntas sobre as medidas do perímetro cefálico do bebê também se tornaram mais comuns. As medidas de prevenção contra a picada e as formas de eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti entraram para a lista de cuidados durante a gravidez e são reforçadas pelos médicos.
Associação entre zika e microcefalia muda rotina de gestantes
Junto ao protetor solar, o repelente virou um item obrigatório neste verão, quando o uso de roupas curtas e leves se torna mais comum. A ginecologista e obstetra Ivete Canti, coordenadora da unidade de alto risco da maternidade do Hospital Conceição, se diz mobilizada na luta contra o mosquito e avalia que todo cuidado é pouco. Ela vem desaconselhando as pacientes a viajar para regiões onde há maior risco de infecção, como o Nordeste.
- Por mim, grávida não viaja para lugares onde há grande circulação do mosquito. Ainda se sabe muito pouco sobre o vírus e, no caso de uma má-formação fetal, não há maneiras de reverter a situação. Quando vejo que a preocupação das mulheres é saber mais sobre a microcefalia, alerto primeiro sobre a necessidade de prevenção. Já internalizamos a importância do uso do protetor solar. Agora, é fazer o mesmo com o
repelente - diz.
Gisele Loeblein: férias frustradas
Ivete aconselha, em qualquer idade gestacional, o uso do produto contra insetos e recomenda que as grávidas vistam roupas que cubram as extremidades. Se o tecido escolhido for leve, como meias de náilon, o repelente deve ser passado inclusive por cima, lembra a especialista.
Com microcefalia, Alice luta para sobreviver na capital do zika vírus
Não há comprovação de que o zika circule no Estado, mas, para a diretora do Centro de Vigilância em Saúde, Marilina Bercini, todos os 172 municípios do Estado que estão infestados pelo Aedes estão sob maior risco. Nesta época do ano, o maior fluxo de pessoas viajando para outras regiões com casos confirmados da doença é motivo de alerta para as autoridades.
- Seja em Santa Catarina (onde há oito casos confirmados de zika) ou Nordeste, estamos sob risco, já que é o período de férias. Não esperamos um grande surto no Estado, mas estamos trabalhando sistematicamente com a eliminação dos criadouros. Onde há casos suspeitos é feita a nebulização com inseticida - explica Marilina.
A principal medida e o foco de atuação para combater a doença no Rio Grande do Sul, segundo ela, é a eliminação do vetor, já que o inseto passa a transmitir o vírus quando pica uma pessoa infectada. O tempo de permanência do zika no sangue pode durar até uma semana. Até o último boletim epidemiológico, havia 23 casos suspeitos no Rio Grande do Sul, mas a Secretaria Estadual de Saúde não divulga as cidades onde moram os pacientes em investigação.
RS tem um caso de microcefalia por zika confirmado
No RS, o primeiro caso de microcefalia causado pelo zika foi divulgado em dezembro. Uma mulher de Esteio teria contraído o vírus em uma viagem a Pernambuco no primeiro trimestre de gravidez. A confirmação se deu depois que diversos exames deram negativo para outras problemas que podem causar a má-formação, como rubéola,
toxoplasmose ou alterações genéticas. Segundo o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis, até o momento, não houve aumento nos casos de microcefalia no Estado.
De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do RS, até outubro de 2015, nove bebês nasceram com a má-formação. Em, 2014, foram sete, e em 2013, houve 13 registros. Esse número é maior do que o informado nos boletins do Ministério da Saúde, que apontou nenhum caso notificado em 2014 e apenas três em 2013.