Da necessidade veio a criatividade. Após acompanhar a nova rotina agitada da mãe, que passou a vender doces e salgados feitos em casa no ano passado, o caxiense Patrick Padilha, 20 anos, junto a outros dois amigos, Joelmir e Matheus, teve a ideia de criar um aplicativo. Para garantir o melhor preço na compra dos ingredientes, ela precisava se deslocar para vários supermercados diferentes. Chegando nos lugares, nem sempre encontrava o que era preciso ou o produto já havia acabado.
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Foi pensando em facilitar de quem corre atrás de promoções, que surgiu a ideia de criar o app AoMercado, que como os próprios criadores descrevem, seria uma reinvenção do panfleto de ofertas com um toque de rede social. Tudo é feito de forma colaborativa. São os próprios usuários que inserem onde e o que está em promoção e atualizam as informações do aplicativo. Os estabelecimentos do varejo também terão como colaborar indicando os produtos com preços mais baixos e, possivelmente, podem ser futuros anunciantes para tornar o negócio rentável.
– A ideia é criar uma comunidade de ofertas abastecida pelo próprio usuário. A intenção é que todos os melhores preços estejam no mesmo lugar, no aplicativo, para não ter mais aquela coisa de guardar os panfletos – diz Patrick.
Nesta quinta-feira, o técnico em informática e jogos digitais embarca rumo a São Paulo com Matheus Pereira, 25 anos, para apresentar o AoMercado na Campus Party, maior evento de internet e tecnologia do país. Eles estão entre as start-ups em fase inicial que foram selecionadas para o Start up & Makers Camp, uma iniciativa do evento para conectar novos empreendedores com outros profissionais para uma espécie de consultoria sobre novos negócios.
Na Campus, eles vão expor um protótipo do aplicativo, que deve ser lançado em abril deste ano. A expectativa é disponibilizar o serviço primeiro em Caxias do Sul, depois em Porto Alegre e, então, expandir para outras cidades do Rio Grande do Sul. Porém antes de colocar o AoMercado nas lojas de apps, eles pretendem melhorá-lo com as sugestões que surgirem no evento na capital paulista.
– Isso vai nos dar mais visibilidade, podemos fazer mais contatos e realmente saber se a ideia do aplicativo é de fato viável. Esse retorno vai ser importante para o nosso trabalho continuar – revela Matheus, mestrando em Ciência da Computação da UFRGS.
O começo da criação de uma start-up é marcada por incertezas e uma dupla rotina. Os três conciliam empregos e vida acadêmica junto ao desenvolvimento do app. Os encontros são feitos em um café da cidade, que começou a ser chamado de "escritório", onde eles se reúnem para conversar sobre os próximos passos. O desenvolvimento e os aspectos técnicos não são a parte mais difícil do processo, como explica Matheus. A aceitação do público e a participação dos usuários são as conquistas mais duras para quem está começando nessa área.
– As pessoas já conversam naturalmente sobre os lugares onde têm promoções, mas ao mesmo tempo, há milhares de aplicativos, então conquistar novos usuários é sempre difícil para quem começa. O programa precisa ser fácil de usar, vamos trabalhar nisso – aposta Matheus.