Ilha ao sul da Índia com cerca de 21 milhões de habitantes, o Sri Lanka deixou para trás o Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e apresentado nesta segunda-feira. Empatados no IDH de 2013, com 0,752 pontos no estudo que vai de 0 a 1, Sri Lanka teve crescimento mais acelerado no ano passado e chegou a 0,757, tomando o lugar do Brasil, que avançou para 0,755 e caiu da 74ª para a 75ª posição.
A pesquisa da Pnud mostra que o Brasil vinha melhorando seus índices de educação, renda e expectativa de vida mais rapidamente do que o país asiático entre 1990 e 2000, mas o ritmo se inverteu nos últimos 15 anos.
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O Brasil fica para trás do Sri Lanka em pontos relevantes na pesquisa, como mortalidade infantil - embora gaste em saúde três vezes mais do que os asiáticos. Lá, há 8,2 mortes para cada grupo de mil nascidos vivos, e no Brasil há 12,3 mortes. Esse fato eleva sensivelmente a expectativa de vida do país insular, a 74,9, ante 74,5 dos brasileiros.
Embora gaste apenas 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, Sri Lanka também avançou mais rapidamente neste critério em relação o Brasil, que investe 5,8% do PIB. Os asiáticos chegam a 10,7 anos de estudos para mulheres e 10,9 para homens, ante 7,8 e 7,5, respectivamente, no Brasil. A população com pelo menos o segundo grau de escolaridade chega a 74% no Sri Lanka. No Brasil, fica em 54% no Brasil.
- Embora tenhamos uma economia bem mais forte do que a de Sri Lanka, eles têm um histórico de educação mais desenvolvido, já que muitos adultos passaram pela escola - afirma o economista Flávio Comim, que trabalhou na elaboração do IDH do Pnud de 2006 a 2010 - Entretanto, pelo ingresso de um volume grande de crianças nas escolas nos últimos anos, o Brasil deve melhorar nessa estatística nas próximas pesquisas - avalia.
Acesse os dados da pesquisa iRS em site especial
Na 75ª posição no ranking, o Brasil também continua atrás de alguns vizinhos latino-americanos. Apesar da crise econômica, a Argentina é a 40ª colocada, com IDH de 0,836. Já a Venezuela, que nos últimos anos avançou em indicadores de renda e educação em razão da entrada de dólares do petróleo, chegou a 0,762 pontos.
- São países que trazem um "estoque" de avanços na educação e na saúde, mesmo que nos últimos anos tenham mergulhado em dificuldades - avalia Adriano Gianturco, professor de Ciência Política do Ibmec, de Minas Gerais - a impressão é que o Brasil avançou pouco depois da crise de 2008, enquanto outros países se recuperaram mais rápido.
Divulgado anualmente, o IDH mede o desenvolvimento humano por meio de três componentes: a expectativa de vida, educação e renda. O relatório, intitulado O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano, traz também dados de 188 países e sugere estratégias para criar oportunidades e assegurar o bem-estar dos trabalhadores.