O aperto do crédito tem levado a um tipo de empréstimo relativamente novo no Brasil: o refinanciamento. Trata-se de oferecer um imóvel ou automóvel já quitados como garantia para obter dinheiro em banco ou financeira. O lado bom são as taxas de juros, mais baixas do que as médias no país, e a possibilidade de obter grandes somas. O ruim é que a dívida compromete o orçamento por um longo período, e há risco de o bem ir à leilão em caso de não pagamento.
Faça render o 13º salário
De janeiro a novembro deste ano, os refinanciamentos de automóveis por gaúchos subiram 20% no Banco do Brasil, em relação ao mesmo período do ano passado. O Banco Central não dispõe de dados gerais do mercado, mas a percepção de analistas financeiros é de que a busca por empréstimos com bens como garantia só cresce.
Reduza gastos para diminuir o valor do condomínio
- O refinanciamento era mais comum para pequenos empresários para pagar o 13º dos funcionários ou rolar dívidas. Nos últimos meses, em razão da alta dos juros e da relutância de bancos em emprestar dinheiro, essa alternativa tem sido mais procurada pelo cidadão comum - explica Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Renegociando juros e prazos mais longos
De acordo com a Caixa, que tem 71,3 mil contratos de refinanciamento imobiliário ativos, as linhas são buscadas principalmente por clientes que já têm algum empréstimo no banco e procuram alternativa de renegociação com juro menor e prazo mais longo.
Oliveira analisa essas operações como boas oportunidades para os dois lados: clientes recebem um valor que pode corresponder a 70% do bem, usam para algum gasto emergencial e pagam ao longo de anos, com juros alinhados aos do crédito consignado. Para os bancos, é uma forma de se resguardar de calotes, tendo um imóvel como garantia.
Mas o refinanciamento está longe de ser consenso. Como o pagamento ao banco ocorre em até 20 anos, o risco de o devedor perder o emprego ou enfrentar alguma doença, reduzindo exponencialmente seu ganho, cresce. Além disso, obter esse crédito hoje, com o juro básico da economia em 14,25% ao ano, pode tornar o pagamento muito caro nos próximos anos, quando espera-se que a Selic caia. Vale lembrar que o juro é definido na contratação.
- Se há necessidade de dinheiro para cobrir alguma emergência, é melhor renegociar com os credores um desconto para quitar, e tomar empréstimo comum, sem o risco de perder o carro ou a casa - avalia o consultor financeiro Rafael Seabra.