Entre reclamações e mega-ofertas, queixas de maquiagem de preços e promessas de descontos bombásticos, a Black Friday brasileira ganha vida própria. De acordo com a consultoria Conversion, 40% dos internautas devem antecipar as compras de Natal com as promoções do evento, que mobiliza o comércio eletrônico nesta sexta-feira.
Consumidores do lado de cá do globo parecem ter comprado a invenção do varejo americano. Os organizadores da promoção preveem vendas 12% maiores do que no ano passado, chegando a R$ 978 milhões. Os produtos mais desejados são roupas, eletroeletrônicos e livros - rol habitual dos webshoppers. Dispostos a desovar os estoques em um ano impiedoso com o varejo, comerciantes prometem descontos de até 80%.
Mas será preciso mais do que propaganda para ganhar a confiança de parte dos consumidores. Uma pesquisa da dunnhumby Brasil mostra que metade dos brasileiros não confiam nas ofertas da Black Friday. E como culpá-los? As últimas edições do evento empilharam queixas de maquiagem de preços - quando comerciantes elevam o valor de produtos para baixar depois, e anunciam descontos -, problemas para finalizar a encomenda e falhas na entrega da mercadoria. O site Reclame Aqui registrou 12 mil protestos.
- O conselho é pesquisar antes os preços na internet e anotar tudo. Assim, na Black Friday, será possível conferir se a liquidação é para valer ou para enganar - aponta o professor de finanças do Ibmec-RJ Gilberto Braga.
Para quem não tomou os preços antes, alguns sites apresentam o histórico de valores. O portal do Buscapé, por exemplo, monitora preços anunciados nos últimos 30 dias, facilitando a identificação de propagandas enganosas.
Há outros antídotos para evitar fraudes. Sites que costumam dar dores de cabeça entraram em uma lista feita pelos Procons de São Paulo e de Porto Alegre. São pelo menos 160 portais ainda ativos que, ao fazer propaganda enganosa ou falhar na entrega, foram notificados, mas não resolveram os problemas.
- É mais seguro fazer compras em sites que tenham correspondente em lojas fixas. Desta forma, o cliente pode fazer uso do direito à desistência em até sete dias úteis, e também fica em uma posição mais prática para encaminhar reclamação - explica Flávia do Canto Pereira, diretora do Procon-RS.
Com a popularização da Black Friday, produtos e serviços pouco tradicionais da data também aderiram. Veja alguns exemplos.
Medicamentos - Redes de farmácias anunciam remédios, fraldas e cosméticos com até 70% de desconto. Uma loja oferece kit para teste de gravidez de R$ 30 por R$ 3,65. As ofertas podem ser comparadas no site da Clicfarma.
Apartamento - Algumas construtoras têm prometido imóveis novos com até 50% de desconto em novembro. Em Porto Alegre, a Viva Real propagandeia apartamentos até 20% mais baratos na Black Friday, e a Cyrela, até 22%.
Hotel - Quem está mais inclinado a curtir um hotel ao invés de comprar uma casa também encontra opções. O Laghetto Hotéis, por exemplo, promete descontos de até 40% para quem fizer reservas pelo site desta sexta até domingo.
Aplicação financeira - A Órama anuncia condições mais rentáveis para aplicações financeiras - um setor cujos produtos costumam ser pensados friamente, sem recorrer a liquidação. Uma das opções da Black Friday é um CDB que paga 123% da Taxa Selic.
Dólar - Moedas entraram no torra-torra. A Ourominas diz que vai vender o dólar mais barato do mercado entre as 9h e as 17h30 de sexta - a corretora não divulga qual vai ser a cotação. Na quarta-feira, vendia por R$ 3,91.
Sexo na TV - Os canais da Playboy do Brasil, como Sexy Hot e Playboy TV, se despiram de pudores e prometem oferecer programas sob demanda a preços promocionais. A promoção vale apenas para clientes Net Now.
Sites que ajudam você a fazer um bom negócio - ou escapar de uma cilada
Já Cotei - Comparação de preços das promoções da Black Friday
Busca Descontos - Reúne as principais ofertas durante a promoção
Buscapé - Valores nos últimos 30 dias, um caminho para identificar maquiagem de preços
Reclame Aqui - Lista das empresas que são alvo de queixas
Procon-SP - Sites com maior recorrência de problemas
Proteste - Sugestões para evitar fraudes nas compras pela internet