O cafezinho diário, além de ajudar a despertar, pode ter outros efeitos benéficos para a saúde. Uma pesquisa internacional divulgada neste mês no 9º Congresso Mundial de Neurociência da Organização Internacional de Pesquisa do Cérebro (Ibro, na sigla em inglês) mostra que a cafeína pode auxiliar a combater os sintomas da depressão.
O estudo teve participação de pesquisadoras da UFSC e defende que o consumo de até três xicaras de expresso por dia pode ajudar principalmente na memória e no humor.
O trabalho, que envolveu estudiosos do Brasil, Portugal, Estados Unidos e Alemanha, consistiu em expor camundongos a situação de estresse crônico, que é o principal fator de risco para desenvolvimento da depressão.
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O estudo, que iniciou há seis anos, sob coordenação de Rodrigo Cunha, da Universidade de Coimbra, constatou que os animais que passaram pelo estresse, assim como os indivíduos com depressão, apresentaram problemas de memória, aprendizado, sinais de ansiedade e prejuízo no humor.
- Tanto os animais que tomaram cafeína antes do estresse com um efeito preventivo, como aqueles que tomaram durante o período apresentaram benefícios, principalmente em relação ao humor e à memória - explica a pesquisadora da UFSC Manuella Pinto Kaster, que iniciou o estudo.
A pesquisadora Manuella Pinto Kaster participou do estudo e ressalta: a cafeína pode ter efeitos diferentes em cada pessoa. Foto: Felipe Carneiro/Agência RBS.
A cafeína atua sobre os receptores A2A, que controlam a comunicação entre os neurônios. Agora os pesquisadores pretendem fazer testes em pacientes para verificar como será a resposta.
- Em seres humanos a cafeína pode ter efeitos diferentes, porque geneticamente as pessoas podem apresentar metabolização distinta da substância - diz Manuella.
A pesquisadora ressalta ainda que os efeitos só são sentidos com o consumo contínuo da cafeína e sem exageros, no máximo três xícaras de expresso por dia.
Outros efeitos benéficos do cafezinho já foram comprovados. Manuella cita que a cafeína impede o prejuízo na memória principalmente da doença de Alzheimer, alivia sintomas motores da doença de Parkinson e evita o declínio cognitivo do envelhecimento.