O salto da inflação verificado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - 1,24% em janeiro na comparação com dezembro, maior resultado para um mês desde fevereiro de 2003 - atestou o que consumidores já vinham percebendo nos últimos meses: viver está bem mais caro. Um dos vilões é justamente aquele grupo de consumo que as famílias têm que encarar diariamente, os alimentos.
E, desta vez, não adianta culpar o tomate. O papel de protagonista da inflação cabe só em parte a ele. Junto com o fruto vermelho, batata, arroz e carne formam a quadrilha do preço alto em 2015. Os quatro alimentos, tão populares na mesa dos gaúchos, têm ficado mais caros a cada semana, e a alta deve continuar nos próximos meses.
Preço de alimentos assusta consumidores na hora das compras
Custo dos alimentos no supermercado deve continuar subindo
ZH Explica: o que pesa na alta do preço dos alimentos
Diferentemente de 2014, quando o clima destruiu boa parte da produção agrícola, diminuindo a oferta de alimentos, este ano o aumento de preços é reflexo de uma série de fatores. A seca em São Paulo influencia, mas o aumento nos combustíveis e na energia e até a alta do dólar também são cúmplices.
Uma cesta de produtos - ideal para uma família de quatro pessoas se alimentar de forma saudável por uma semana - criada por ZH com a ajuda da nutricionista e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) Carla Piovesan serve de termômetro para verificar o aumento nas gôndolas. Hoje, a lista de 26 itens custa R$ 284,41, um valor 61% mais salgado do que cinco anos antes, quando o mesmo cardápio saía por R$ 176,55. É como se, de 2010 a 2015, os consumidores perdessem quase 40% do poder de compra que tinham.
Levantamento realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) indica que em janeiro os preços pisaram forte no acelerador. O índice de Preços ao Consumidor mostrou variação de 1,99% só no mês passado. Alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, subiram ainda mais, 3,16%. Mas nada se compara ao comportamento da batata inglesa, que disparou 47,03%.
Em outubro, o quilo valia R$ 1,78. Agora, não sai por menos de R$ 3,52. - Os preços dos alimentos não são causa da inflação, mas sim consequência. A comida não é vilã, é vítima. Ela reflete, entre outras coisas, o aumento do custo de irrigação com a alta de energia e do custo do frete com a alta do diesel - explica Antônio da Luz, economista da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Para fugir do aumento generalizado, não há muita alternativa: diminuir o consumo ou substituir um alimento por outro.
A nutricionista Carla Piovesan ressalta um detalhe que considera importante: comer em casa.
- É a melhor maneira de economizar e ter alimentação saudável. Vale até fazer marmita - brinca.