Em mais uma escalada do dólar, gaúchos com passagens compradas para o Exterior ou com planos de marcar suas férias de inverno já começam a se preocupar com gastos acima do esperado. Desde o dia 22 de janeiro, o valor da moeda americana na cotação de turismo, usada em casas de câmbio, subiu 8%. O viajante tem pago de R$ 2,92 a R$ 3 por cada dólar.
A disparada encarece passagens e hotéis. Bilhetes de ida e volta de Porto Alegre para Paris, que custavam R$ 2.374 há um ano, hoje estão custando R$ 2.758, em razão do efeito cambial. Um pacote de uma semana para Miami que saía por R$ 3.462 há 12 meses hoje vale R$ 4.020, 16% a mais.
Os obstáculos que podem comprometer a economia em 2015
Trata-se de um movimento que poderá se acelerar, avaliam especialistas, levando a moeda acima de R$ 3,20 até o final do ano. Por isso, a recomendação é não esperar muito para garantir seus dólares.
- Não vale a pena aguardar uma eventual queda, pois o cenário está mais para uma nova subida - avalia o especialista em investimento do Banco Ourinvest, Mauro Calil.
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Isso não significa que é preciso se conformar com cotações altíssimas. Algumas casas costumam vender as verdinhas por preços abaixo da média do mercado, em razão de manterem estoques. O mesmo ocorre com algumas agências, que travam o valor de pacotes em cotações mais baixas.
- Existe uma margem, embora não muito elástica, para amenizar a alta - diz Calil.
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Outra estratégia é barganhar o preço de passagens e hotéis. Algumas agências oferecem desconto de 5% a 12% para quem paga a viagem à vista. Outras, incluem algum passeio ou benefício do pacote, o que, na prática, pode compensar, pois seria um custo a mais nas férias.
Mas é preciso pesquisar. Uma viagem a Nova York partindo de Porto Alegre na semana da Páscoa pode custar R$ 4,1 mil ou R$ 3,1 mil, dependendo da agência e da companhia aérea. Acertado o pacote, ainda é possível racionalizar o gasto evitando levar toda moeda em cartões de débito, cujo tributo chega a 6,38%.
Além das viagens, brasileiros também sentem o peso do dólar mais caro nas compras feitas em sites internacionais. É preciso lembrar que a cotação do câmbio no cartão de crédito é fechada na entrega da fatura, e não na data da compra. Dessa forma há risco de uma encomenda feita a preço irresistível se tornar uma dor de cabeça.
Embora um pouco menos intenso que o dólar, o Euro também ficou mais caro desde final de janeiro. A cotação comercial passou de R$ 3,02 para R$ 3,24, alta de 7,28%. Embora preços de passagens aéreas sejam regulados pelo dólar, o euro influencia diretamente viagens para a Europa, pois encarece hotéis, translados e os gastos no dia a dia.
Por que o dólar disparou?
- Investidores internacionais continuam céticos quanto à economia brasileira, e retiram seus dólares do país. Esse comportamento pode se acentuar nos próximos meses.
- O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o câmbio deveria passar por "um ajuste", e parte dos investidores passaram a especular no valor da moeda.
- O país poderá fechar o ano com entrada de menos dólares pelas exportações. Quem tem a moeda cobra um preço mais alto para vendê-la.
Qual a melhor escolha para a moeda?
Em espécie - A principal vantagem é o IOF, de apenas 0,38%. Por outro lado, há risco de assaltos ou perda.
Cartão de débito - Leva vantagem na praticidade e segurança, mas se tornou cara, com a correção do IOF para 6,38%.
Cartão de crédito - Além do IOF em 6,38%, há o risco de o dólar ficar mais caro até o fechamento da fatura.
Conclusão: vale a pena pagar ingressos e tíquetes antes de partir, no Brasil, e levar metade da verba de viagem em dinheiro vivo e outra metade no cartão pré-pago. Cartão de crédito, só para emergências.