Aos 95 anos, o desenhista Stan Lee morreu nesta segunda-feira (12). Uma ambulância foi vista saindo da casa do quadrinista em Los Angeles (EUA) nesta manhã, e o óbito foi confirmado pela filha do norte-americano ao site TMZ. As causas ainda são desconhecidas.
Nascido em Nova York, em 28 de dezembro de 1922, Lee criou, em um surto de inventividade nos anos 1960, alguns dos personagens de quadrinhos mais populares do planeta. Homem-Aranha, Hulk, Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, Doutor Estranho, Thor, X-Men e outros super-heróis da Marvel Comics – hoje mundialmente conhecidos também pelas adaptações cinematográficas recentes – foram criações de Lee em parceria com alguns dos grandes artistas do traço, como Jack Kirby, Steve Ditko e John Buscema.
Lee foi um típico "self-made men" de sua geração. Judeu, morador do Bronx, na época uma vizinhança pobre e marginalizada, cresceu durante a Grande Depressão que sucedeu à quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Trabalhou desde a infância em vários ofícios: office-boy, entregador, jornaleiro e carregador de malas. Leitor voraz desde a infância, sonhava ser escritor e começou nos quadrinhos antes de completar 20 anos, levado por Martin Goodman, parente da mãe de Lee, para a pequena editora Timely Comics, embrião da poderosa Marvel.
Com o nome de Stanley Lieber, ele criou o pseudônimo "Stan Lee" para seu trabalho nos quadrinhos, preservando assim sua identificação original para uma futura carreira de romancista que nunca se concretizou. A partir de determinado momento, Lee decidiu assumir de vez seu papel como um escritor de quadrinhos. Em uma entrevista de 1974 ao repórter Jay Maeder, da revista norte-americana Comics Feature, Lee já declarava que um de seus objetivos era mudar a forma como artistas de quadrinhos eram encarados.
Com o humor que lhe era peculiar, lembrava que, ao conhecer alguém em uma festa, a reação das pessoas ao saber que ele era roteirista de HQ não era das mais simpáticas: "'Quadrinhos, oh, que ótimo', e então eles se afastavam, sabe, para procurar algum romancista ou alguma celebridade de rádio e TV".
Embora a cultura dos quadrinhos ainda seja associada por muitos a um nicho, o jogo mudou, e muito graças a Stan Lee e suas décadas de serviços prestados ao gênero – reconhecidos em pontas nos filmes adaptando histórias de seus personagens, participações marcadas pelo bom-humor que se tornaram características.
Debilitado pela velhice e pelo declínio de sua saúde, Stan Lee recentemente foi alvo de uma polêmica envolvendo uma suposta exploração financeira e abuso físico por parte da filha. O quadrinista, em abril deste ano, negou as acusações.