A escritora Clara Averbuck utilizou o stories, ferramenta do Instagram, para publicar uma série de vídeos falando sobre o estupro que sofreu de um motorista do Uber. Com um ferimento na testa e um olho roxo, Clara diz que decidiu não prestar queixa contra o agressor.
"Eu estava sumida por motivos óbvios, eu fiz um relato de uma agressão que sofri e isso viralizou de uma forma que eu não estava esperando. Como sempre, vai ter gente duvidando da vítima. Como sempre, vai ter gente dizendo 'mas por que não foi na delegacia? Por que não foi fazer um B.O.?'. Porque a pessoa fica superbem depois de ser agredida e tudo o que ela quer é ir na polícia", diz a escritora.
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Ela ainda diz que o fato atraiu "bolsominions" – apelido dado a fãs do deputado Jair Bolsonaro – e diz que castração química não é a solução para o estupro, pois o ato não precisa do órgão sexual masculino para que seja consumado.
"Duvidar da vítima não é nenhuma novidade. Estão me pressionando para fazer denúncia, para ir na delegacia. Não me encham o saco, essa decisão é minha, eu não confio no sistema, já fui mil vezes na delegacia. Já levei amiga, já levei desconhecida, já levei um monte de mulher e já vi o tratamento que é dado. B.O. não é um documento do Harry Potter que vai te proteger", continua.
Clara reforça que violência sexual é o único crime no qual a vítima é quem precisa provar o que sofreu. Ela acrescentou que não tem provas além da marca em seu rosto ao ser derrubada no chão.
"Isso pode se voltar contra mim, o cara sabe onde eu moro. Ele não me deixou na frente de casa porque teria câmera e seria muito mais fácil identificar. Ele parou na rua do lado porque já estava mal-intencionado".
Sobre entrevistas, Clara diz que participará apenas de um programa de televisão para falar sobre feminismo – sem citar o nome – e pede para que parem de procurá-la, pois tudo o que tinha para dizer está no texto publicado pela Revista Claudia.
"Sabe aquele ditado que o que não nos mata nos faz mais fortes? Estou mais forte e vou ficar mais. Ninguém me derruba", finaliza.