A atriz Monica Iozzi revelou na última quarta-feira, no programa Conversa com Bial, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes chegou a lhe propor um acordo para reduzir o valor de sua indenização. Ela foi processada pelo ministro por danos morais e condenada a pagar R$ 30 mil.
Mendes abriu a ação contra Monica por causa de uma publicação no Instagram, feita em maio do ano passado, na qual a atriz reproduziu a notícia de que o ministro concedeu habeas corpus ao médico Roger Abdelmassih, condenado por 58 estupros de pacientes, com a mensagem: "Se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso... Nem sei o que esperar..." e uma frase em cima do rosto do ministro que diz "cúmplice?".
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No programa, Monica disse que o ministro chegou a propor um acordo para que ela se retratasse por seus comentários no Facebook, o que ela rejeitou.
– Ele me propôs alguns acordos porque a repercussão foi muito negativa para ele. Queria que eu tirasse o post que eu fiz e fizesse um novo post de retratação. Me desculpando pelo o que eu tinha feito e doasse R$ 15 mil em cestas básicas para instituições de caridade de Brasília. Eu falei não. Não sou rica, R$ 38 mil não é nem de longe pouco dinheiro para mim, mas eu pensei: não falei nada de errado. Vendo o meu apartamento, mas não vou fazer um acordo com esse homem. Não é justo o que ele fez – relatou.
Monica comentou que fez a postagem depois da indignação contra a decisão de Mendes:
– O ministro deu um habeas corpus para o médico Roger Abdelmassih, condenado há mais ou menos 200 anos de prisão porque teve 40 estupros comprovados. Eu, como mulher, aquilo me indignou de uma tal maneira, e foi na mesma época que surgiram casos de estupros coletivos. Então, você vendo uma situação daquelas... Não me contive e fiz o post.
Repórter em Brasília
Durante a entrevista, que relembrou a infância e o início da carreira da atriz, Bial achou curioso o fato de ela fazer dois trabalhos seguidos "contracenando" com o diabo.
Tratam-se do seriado Vade Retro, com Tony Ramos interpretando Abel Zebu, e do filme A Comédia Divina, previsto para estrear em setembro, com Murilo Rosa no papel do diabo.
– Acho que os diretores pensam assim: "hum, ela trabalhou quatro anos em Brasília, fez bastante laboratório, viveu num ambiente diabólico por muito tempo" – brincou Monica.
Ao relembrar seu primeiro trabalho como repórter no CQC, depois de ser selecionada entre 28 mil candidatos, ela deu três dicas para o "manual de sobrevivência na capital federal".
– Respire pela boca. Os corredores do Congresso são de carpete, não tem ar condicionado, é aquela temperatura – começou.
Em seguida, ela contou sobre as dificuldades de ser mulher naquele local.
– Saiba lidar com as cantadas pesadas, que podem te ofender e machucar – disse. – Eles (políticos e assessores) usam o assédio sexual como assédio moral. Não é porque ele está a fim de você, mas ele tenta te diminuir, te pôr no lugar de objeto, então você tem de se colocar muito – declarou Monica.
Por fim, a atriz disse que é preciso estudar muito para ser repórter em Brasília.
– A gente tem mania de falar que todo político é corrupto, e a maioria é , mas tem muita gente boa que se esforça lá dentro – afirmou.
Carreira de atriz
Monica Iozzi disse que, desde a infância, quis ser atriz e contou alguns trabalhos que fez na escola e ao se formar em Artes Cênicas.
– Mas minha carreira nunca foi pelo caminho que eu acreditava – contou ao relembrar da seleção para o CQC e, depois, como apresentadora do Vídeo Show.
Sobre atuar ao lado de Tony Ramos, ela elogiou os mais de 50 anos de carreira do ator, que a ajudou durante as gravações de Vade Retro:
– Tony é muito acima da média. Quando vi que ia contracenar com ele, fiquei muito nervosa, mas ele me abraçou desde o início e dava apontamentos muito precisos.
* Com informações de Estadão Conteúdo