A morte de Debbie Reynolds, na noite de quarta-feira, foi assim definida por seu filho, Todd Fisher:
– Ela queria estar junto a Carrie.
Lenda do cinema, Debbie tinha 84 anos. Teve um acidente vascular cerebral (AVC) um dia após a morte de sua filha, Carrie Fisher. A dupla acabara de estrelar Bright lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds, documentário de Alexis Bloom e Fisher Stevens que foi apresentado na mais recente edição do Festival de Cannes e, adquirido pela HBO, tinha exibição prevista na televisão norte-americana para os primeiros meses de 2017 (a emissora ainda não se manifestou sobre a data de exibição no Brasil).
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Também em 2016 Debbie Reynolds foi homenageada pela Academia de Hollywood, ganhando o prêmio humanitário Jean Hersholt. Estrela do clássico musical Cantando na chuva (1952), no qual atuou ao lado de Gene Kelly e Donald O'Connor, ela também pôde ser vista em Será que ele é? (1997) e Inconquistável Molly (1964), entre vários outros filmes. Foi por Inconquistável Molly que obteve sua única indicação ao Oscar de melhor atriz. Na televisão, além da série Will & Grace (1999-2006), esteve ao lado de Michael Douglas no premiado telefilme Minha vida com Liberace (2013). Frank Sinatra, Tony Curtis e Fred Astaire foram outros astros com os quais contracenou.
– É uma pancada devastadora – comentou Debra Messing, estrela de Will & Grace. – Debbie se foi para ficar com Carrie. Ela foi a minha "mãe" por anos – completou.
O também ator Albert Brooks, que trabalhou com Debbie em Mãe é mãe (1996), também afirmou ter perdido "uma mãe no cinema". Para gerações anteriores, no entanto, a imagem da estrela era a de uma jovem estrela que percorreu o caminho sonhado por muitas meninas de sua idade: nascida em El Paso, no Texas, Debbie ganhou concursos de beleza durante a adolescência, quando foi descoberta pela MGM. O contrato para estrelar Cantando na chuva veio apenas após dois anos e quatro filmes, nenhum deles em papéis centrais.
Carrie e Todd são frutos do primeiro de seus três casamentos – com Eddie Fisher, de quem se separou ao descobrir que ele tinha um caso com Elizabeth Taylor. Bright lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds visita a intimidade das estrelas de Cantando na chuva e Star Wars por trás do glamour do tapete vermelho, destacando histórias de seu cotidiano e o crescimento dos dois filhos em meio ao sucesso da mãe.
– Aceitei fazer o filme para mostrar quem minha mãe é, para apresentá-la como a mulher além da persona tão conhecida de todos – disse Carrie Fisher em entrevista concedida em Cannes ao Hollywood Reporter. – Quando criança, eu não queria ser atriz, de jeito nenhum. Via o estrelato da minha mãe como algo assustador, e pelo fato de ser muito pequena essa sensação era potencializada. A dedicação dela à carreira parecia uma rejeição para mim – completou Carrie, que faria uma participação em Shampoo (1975), aos 18 anos, antes de ser cooptada por George Lucas para estrelar Guerra nas estrelas (1977), aos 20.
Bright lights: Starring Carrie Fisher and Debbie Reynolds contém entrevistas e acompanha os passos da família antes de Debbie receber o prestigiado Screen Actors Guild Life Achievement Award, em 2014. A dúvida quanto à presença da fragilizada atriz octagenária na cerimônia desencadeou uma crise de ansiedade em Carrie, que sofria de instabilidade emocional. O momento foi devidamente registrado pela câmera dos diretores Alexis Bloom e Fisher Stevens.
Carrie Fisher morreu aos 60 anos, em consequência de um ataque cardíaco sofrido durante um voo entre Londres e Los Angeles. Antes de morrer, Debbie Reynolds emitiu um comunicado sobre Carrie: "Obrigada a todos os que abraçaram os dons e talentos de minha amada e incrível filha. Estou agradecida por seus pensamentos e orações que agora a estão guiando em sua próxima parada".