Um local que já abrigou campos voltados para a produção de leite e hoje concentra algumas das melhores escolas de Porto Alegre. A tranquilidade da vida no campo já foi uma realidade na Avenida Nilo Peçanha, uma das mais tradicionais da cidade. E foi justamente essa atmosfera bucólica que atraiu educadores para investir no local, que hoje apresenta uma das melhores qualidades de vida da cidade. O segundo episódio da série “Nilo – Uma História de Futuro”, que aborda a trajetória e história da avenida em cinco episódios, retrata o cenário educacional que se formou na região. De acordo com a última edição do Censo Escolar, as instituições de ensino da região da Nilo Peçanha abrigam mais de 8 mil alunos.
Fundado em 1890 por padres jesuítas, o Colégio Anchieta é uma delas. Antes, a instituição ficava no Centro, na Rua Duque de Caxias, próximo ao Colégio Sévigné. No entanto, diante do crescimento do número de alunos, os religiosos educadores foram buscar um novo espaço para comportar seus projetos educacionais. Em meados dos anos 1950, iniciaram as obras de construção da nova sede, que seria inaugurada em 1967, fazendo parte do início do surgimento da Nilo Peçanha como polo educacional da capital.
– Nessa época, havia apenas o colégio e algumas casas. Aos poucos, fomos crescendo junto com a cidade. Foram mais de 10 anos para essa estrutura inicial ser construída e o colégio começar a funcionar – lembra Dário Schneider, diretor acadêmico do Anchieta.
Também centenário, o Colégio Farroupilha é outra instituição tradicional que escolheu a Avenida Nilo Peçanha para construir saberes. A escola tinha sede na Rua Alberto Bins na área em que hoje está localizado o Hotel Plaza São Rafael e, 40 anos depois, em 1962, inaugura sua nova sede no bairro Três Figueiras. Em seu memorial que abriga objetos, documentos e outras tantas lembranças de alunos e professores, a história da escola se confunde com a da educação gaúcha, já que os imigrantes alemães que a fundaram queriam garantir um futuro melhor para seus descendentes. Marícia Ferri, diretora pedagógica do Farroupilha, lembra que o local que hoje abriga o colégio era uma grande chácara com três figueiras, árvores que deram nome ao bairro da região leste. – É uma responsabilidade muito grande para a gente, pois esses imigrantes foram visionários quando vieram para cá. A escola cria o bairro – conta.
Ao lado de instituições tradicionais, a Nilo Peçanha viu nascer outras propostas de ensino como os Colégios Província de São Pedro, Monteiro Lobato, a pré-escola Despertar e instituições de ensino superior como o novo campus da Unisinos.
A tecnologia tem estado cada vez mais presente no cotidiano dos alunos e educadores, mas valorizar o humano e o desenvolvimento de habilidades como comunicação e empatia também estão na base de uma educação que pretende preparar os estudantes para o mundo. Na Educação Infantil, a médica italiana Maria Montessori inovou ao criar uma abordagem que traz tarefas práticas do cotidiano para a sala de aula. Em 1986, Angela Barbosa fundou a Escola Amiguinhos da Praça, localizada na Praça Japão, focada nessa proposta.
– Maria Montessori cria um ambiente rico de estímulos, que é o que fazemos aqui. Temos cantos da sala de aula que têm materiais específicos Montessorianos, que trabalham noções de tamanho, peso e altura e um outro espaço que se chama Vida Prática, onde os alunos realizam tarefas como varrer o chão e amarrar os sapatos – explica Angela.
O ensino bilíngue também tem espaço nas escolas da região. A pluralidade de culturas, tão importante para uma educação que visa o pensamento crítico e o respeito às diferenças, é uma das marcas da Pan American School, instituição internacional com mais de 50 anos de atuação.
– Um dos nossos fatores fundamentais é o respeito. Trabalhamos muito para garantir a compreensão entre nossos estudantes e entre nossas famílias. E entender que se alguém tem uma religião diferente ou uma língua diferente, nós todos somos humanos e podemos interagir juntos – afirma Shaysann Kaun, superintendente da Pan American School, no segundo episódio da série.
Nesta jornada pelo universo da educação, o jornalista Tulio Milman consegue retratar a diversidade e a qualidade de instituições de ensino tradicionais e reconhecidas da cidade que permeiam desde o ensino fundamental até a o ensino superior.
No próximo episódio, que estará disponível no dia 15 de novembro, a série aborda a qualidade de vida como uma das marcas da Nilo Peçanha.