Não é um pedaço de terra e muito menos o destino de Israel e da Palestina que estão em jogo. A explosão de violência no Oriente Médio é uma encruzilhada civilizatória. Compreender essa verdade é fundamental para que possamos escolher em qual lado queremos estar. Não existe meio-termo. O Hamas é um movimento religioso radical, que não almeja a construção de um Estado palestino livre e democrático, mas sim a implantação de uma teocracia islâmica, a exemplo do que ocorre no Irã. Lá, mulheres são oprimidas e a homoafetividade é crime, entre outros absurdos. Por mais amiga do Hamas que se considere, se você tem cabelos soltos e encaracolados, não conseguiria caminhar 30 segundos pelas ruas de Gaza sem ser xingada, apedrejada e depois presa. Em Israel, conseguiria. Essa é a linha divisória. O resto, é politicagem barata e oportunista.
Até segunda-feira, não havia sequer um israelense em Gaza, apesar de muita gente colocar a culpa pelos problemas da região unicamente sobre Israel. Hoje, de fato, há uma centena de israelenses por lá, todos sequestrados.
Israel não é uma sociedade perfeita. Mas é uma democracia, onde minorias têm direitos, há liberdade de expressão e eleições livres. Exatamente por isso, Israel é demonizado e combatido. Aceitar esse modelo significaria, para vizinhos ditadores e fanáticos, uma queda imediata do poder. Eles temem Israel menos do que temem o seu próprio povo, que usam como massa de manobra.
Tenho certeza de que a maioria dos palestinos quer liberdade e democracia. O Hamas, não. São legítimas eventuais críticas ao governo de Israel. Mas o Hamas é o veneno, não o antídoto. O Hamas significa as trevas que jamais triunfarão.
Ser a favor de Israel não é ser contra os palestinos. Ser a favor dos palestinos não é ser contra Israel. Essa falsa dicotomia só serve aos fundamentalistas que devemos combater. O único futuro possível é o da convivência, a mesma que praticamos no Brasil, onde comunidades de origens distintas cultivam a paz. Acreditar nisso não é ingenuidade nem utopia. É pragmatismo. Andei triste nos últimos dias. Aí pensei nos acordos de paz entre Israel e Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e em outros que pareciam impossíveis. Lembrei-me de uma frase que li em um cartaz, há muito tempo, durante uma manifestação pacifista em Israel: “Você pode cortar todas as flores de um jardim, mas não pode impedir a chegada da primavera”.