
Para compreender a situação de Eduardo Pazuello em Brasília é preciso levar em conta que ele é um general da ativa. Por isso, mesmo considerados outros aspectos legítimos, esse tem um peso diferente e fundamental. Como um oficial de fato e de direito vinculado ao Exército, um dos raros nessa situação no governo, Pazuello não pode simplesmente ser mandado embora. Geraria ainda mais desconforto em setores militares. Não são poucos os oficiais, Brasil afora, que consideraram a posse de Pazuello no Ministério um erro, justamente pelo risco da vinculação com as Forças Armadas e pela possibilidade de um ex-capitão mandar em um general da ativa e, eventualmente, demiti-lo.
Bolsonaro continua sendo Bolsonaro. Convidou Pazuello, deu posse, desautorizou, fritou, demitiu e só depois se deu conta de que precisaria de uma solução apaziguadora. Como oficial da ativa, Pazuello poderia, legalmente, ocupar um cargo no Exército ao sair do Ministério. Mas há resistências a que, depois de uma experiência política de governo, volte a comandar tropas. Sobraria alguma função burocrática de menor projeção.
Ao inventar um Ministério da Amazônia, uma hipótese de prêmio de consolação para Pazuello, Bolsonaro cutuca o seu vice, Hamilton Mourão, retirando dele boa parte do protagonismo como líder do Conselho da Amazônia. Mas não evita a humilhação do ex-ministro.
O general virou uma peça que não cabe em nenhum quebra-cabeças. Mas não pode ser descartada por ninguém. Não foi por falta de aviso.