A História faz seus movimentos pendulares, mas a constância desse padrão não é por acaso. Existe uma série de motivos a impulsionar as mudanças dos eleitores. No Brasil, podemos destacar três principais:
1. O desgaste do PT, partido que cresceu prometendo ética e mudanças na política e hoje se debate em escândalos de corrupção e com a asfixia da sua estrutura interna, ainda dependente de Lula e de meia dúzia de caciques que se repetem nas candidaturas principais da sigla.
2. O envelhecimento da população – desde outubro do ano passado, o Rio Grande do Sul passou a ter mais habitantes acima dos 60 anos do que com menos de 14. Nem todos os grisalhos são de direita e nem todos os jovens são de esquerda, mas há sim uma tendência mais conservadora nos públicos com mais idade.
3. A mudança geracional – foi Fernando Gabeira, em almoço em Porto Alegre, quem me alertou para o fenômeno. Na década de 60, os pais conservadores inspiraram filhos contestadores de esquerda. Eles chegaram ao poder e agora seus filhos, também conservadores, guinaram para a direita.
Há outros motivos, alguns de amplitude maior, como o desgaste da proposta globalizante e de liberalização da política, que nos anos 90 prometeu acabar com a pobreza e com a desigualdade. Não aconteceu. O terrorismo e o drama dos refugiados esvaziaram a narrativa e levaram os eleitores em vários países a buscar modelos, pelo menos aparentemente, mais seguros.