O governador Eduardo Leite apresentou argumentos consistentes para justificar a escolha da educação infantil como a primeira a retornar às aulas presenciais. Foi no programa Atualidade, na Rádio Gaúcha: os pais precisam ter com quem deixar os filhos para irem trabalhar e, nessa faixa etária, a educação online funciona pouco.
Mas o governador não deu ênfase ao motivo principal: as escolas privadas que atendem a esse público estão quebrando, basicamente porque os pais não são obrigados a levar os filhos entre 0 e 3 anos ao colégio ou à creche. Então, simplesmente suspendem os pagamentos e arrumam outras soluções, que vão de cuidadores particulares à ajuda de familiares mais disponíveis. Nesse sentido, entidades representativas desse segmento vêm exercendo uma forte e legítima pressão sobre o Piratini e sobre a opinião pública. A quebradeira já é grande e tende a aumentar. Então, talvez por esquecimento, Eduardo Leite não vem dando a ênfase necessária a este aspecto: a saúde de empresas que geram empregos e impostos. Porque a necessidade de deixar os filhos protegidos para ir trabalhar e os limites das aulas online também se aplicam a crianças mais velhas, tanto no ensino público quanto no privado.
Agora, a bola está com os prefeitos, que podem seguir essa linha ou optar por posturas mais restritivas. E sempre caberá aos pais decidir onde os riscos são maiores nessa hora. Ao que tudo indica, o ensino privado está se preparando corretamente para o retorno. É importante que ele seja gradual e lento, para que eventuais reflexos possam ser detectados e enfrentados enquanto a escala do problema, caso exista, seja pequena.