Um dos lugares mais importantes do planeta em tempos de pandemia, a Organização Mundial da Saúde tem, em seu hall de entrada, um espaço de 49 metros quadrados ocupado por um gaúcho. Todos os que entram e saem do prédio, em Genebra, na Suíça, passam pelo painel pintado por Iberê Camargo durante sete meses, entre 1965 e 1966, um presente do governo brasileiro à instituição. Natural de Restinga Seca, Iberê iria se transformar em um dos maiores pintores expressionistas do Brasil no século XX.
A presença do pintor gaúcho na OMS tem uma história paralela. Durante mais de 40 anos, um baú lacrado com trabalhos dele ficou esquecido – mas guardado – em um porão da entidade. Foi em 2007 que a carioca radicada no RS Mônica Zielinsky, responsável pela catalogação da obra do artista, alertada pela viúva dele, Dona Maria Camargo, localizou o material. Ninguém por lá lembrava sequer do nome do autor do painel do hall de entrada. O baú, composto por estudos, pinturas e desenhos preparatórios, foi aberto em janeiro de 2008, na presença de autoridades da OMS. Uma parte foi cedida para uma exposição realizada em Porto Alegre, mas o conteúdo ainda está em Genebra.