"Papai Noel não existe" é fichinha. A semana nos brindou com o maior anticlímax de todos os tempos no encantado mundo dos contos de fadas. Um príncipe e uma princesa que não querem mais andar de carruagem, usar coroas e distribuir bondades entre os súditos. Harry e Meghan estão mais é a fim de curtir as maravilhas da América.
Tente explicar ao seu filhinho que ser príncipe é um saco. Tem que sorrir o dia inteiro, vestir roupas estranhas, ser simpático com pessoas que você não conhece e pelas quais tem, de fato, zero interesse. Ouvir dezenas de discursos chatos sem bocejar e fazer de conta, sempre, que você é justo e bonzinho.
Tente explicar para a sua filhinha que ser princesa é um tormento. Fotógrafos e fofoqueiros xereteando o tempo todo. Até tomar um banho de sol é complicado. Os drones estão em todas as partes. Sair na rua despenteada é pecado capital. Passear no shopping com as amigas? Nem pensar. E ainda tem uma rainha-mãe imortal, símbolo onipresente de regras rígidas de comportamento. Harry e Meghan renunciaram ao que gerações e gerações de crianças sonhavam ser. É o fim definitivo da inocência.
Nem mesmo a monarquia inglesa resistiu aos incômodos da era da superexposição. Harry e Meghan têm tudo o que milhões de mortais sonham ter. É certo que jamais enfrentarão problemas financeiros. Se derem meia dúzia palestras por ano, por exemplo, terão mais do que o suficiente para viver bem. Além de tudo o que já possuem. Mas o que eles querem, aposto, é poder acordar num domingo e, de roupão, tomar café na sacada. Não conseguirão. Sempre haverá uma lente e um olhar atento, prontos a expor a intimidade alheia em troca de alguns clics e uns de poucos minutos de fama. Pelo menos, estarão livres de agendas oficiais e das xaropices pomposas de uma vida de faz-de conta. E que Deus, sempre, salve a Rainha!