Vai acontecer. Pelo grupo de Whats, no YouTube, nas conversas do recreio ou nas mensagens diretas. A figura da Momo é associada a desafios e mensagens assustadoras, que estariam estimulando a violência, segundo relatos de pais por meio das redes sociais. Em agosto do ano passado, a Polícia Civil concluiu um inquérito no qual dois adolescentes de Erechim eram apontados como responsáveis por induzir automutilações em colegas. Esse não é um caso isolado.
São válidas as tentativas de bloquear o acesso a essas imagens, apesar de fadadas ao insucesso. De um jeito ou de outro e, principalmente longe dos pais, crianças e adolescentes já conhecem ou conhecerão a boneca japonesa de olhar esbugalhado e macabro.
Na condição de pai, formei a convicção de que, diante da hiperconexão possibilitada pela tecnologia, não temos escolha a não ser educar para a liberdade – com todas as vantagens e desvantagens dessa circunstância. Hoje, as preocupações com efeitos nocivos que as insinuações de nudez da novela das oito parecem piada. Tudo chega aos nosso filhos pela internet, com o adicional de que eles entendem mais de redes sociais do que nós. Não temos como vigiá-los o tempo todo, mas temos como conversar.
Conto o meu caso, na tentativa de ajudar e sem qualquer pretensão de invadir outras áreas nas quais não sou especialista. Perguntei à minha filha se ela conhecia a Momo. Tentei ser leve, usei um tom de conversa natural. Ela me disse que sim. A partir daí, fui perguntando o que ela achava, o que ela tinha visto e o que ela tinha sentido. Acho que conseguimos construir uma solução positiva. Eu, como pai, esclarecendo dúvidas em vez de dar bronca.
Apenas para deixar claro, se houvesse uma maneira de evitar que minha filha tivesse contato com essa brincadeira sem graça, eu a implementaria sem pensar meio segundo. Mas não há. Infelizmente, não se trata de tentar evitar o contato, mas sim do que fazer quando encontrar.