A polêmica em torno da frase do secretário estadual da Educação, Ronald Krummenauer, ("Me arrependo de não ter fechado mais escolas") é mais um sintoma da letargia que nos atinge. É totalmente compreensível o incômodo dos pais e dos alunos realocados devido ao fechamento das escolas. Mas não dá para ignorar o argumento do secretário: o número de escolas precisa se adequar à nova realidade: em 15 anos, já são 600 mil alunos a menos na rede de ensino.
Ninguém discorda de que escolas situadas em locais de difícil acesso, como em zonas rurais, devem ser mantidas mesmo que tenham poucos matriculados. Mas por que repensar a estrutura escolar em outras regiões causa tanto alvoroço? O caso do Julinho resume bem o cenário. Com capacidade instalada para receber quase 5 mil alunos, tem 1,6 mil matriculados. A forte redução da taxa de natalidade gaúcha, iniciada décadas atrás, começa a mostrar seus impactos.
Com bom senso, sem que haja amontoamento de crianças e jovens em sala de aula, readequar o número de escolas é, no mínimo, uma ideia razoável. Mantido o montante repassado hoje pelo Estado para a pasta da Educação, cada instituição teria mais para investir em estrutura física e qualificação dos professores.
Ao mesmo tempo em que não avançamos nesse debate, temos ignorado um outro ponto crítico. O Rio Grande do Sul, Estado brasileiro com maior percentual de idosos, conta, basicamente, com casas de acolhimento privadas ou filantrópicas. A previsão oficial é de que, em uma década, 25% da população gaúcha tenha mais de 60 anos – boa parcela dela, sem condições financeiras de se manter sozinha.
Olhando para a pirâmide etária do Estado, deveríamos parar de criticar fechamento de escolas e sim defender abertura de asilos.