O recente episódio do homem pelado no museu inaugurou um outro tipo de chatice nas redes sociais: o ódio colateral. Não bastasse a troca de mensagens de ódio envolvendo qualquer tipo de assunto na internet, agora a raiva incontida também é direcionada a quem não tem nada a ver com a briga.
Na polêmica performance realizada no MAM, há quem tenha visto arte na interação da criança com o artista e há quem tenha visto ali apenas apologia à pedofilia.
E houve também aquelas pessoas furiosas que confundiram de museu e atacaram o Masp no Instagram quando a instituição postou a imagem do quadro Marte e Vênus, do italiano Carlos Saraceni. A obra que representa os dois deuses nus abraçados foi pintada há mais de 400 anos.
Basicamente, a internet está se tornando um lugar chato, onde todo mundo tem razão. E, como está sempre todo mundo certo e ninguém nunca erra, não há espaço para o acolhimento de ideias diferentes daquelas já cristalizadas.
Muitas vezes, esse engessamento aparece na forma da popular "não vi e não gostei" ou da irmã gêmea dela, a "não li e não gostei." A maioria das pessoas diz não gostar de quem age assim, mas o fato é que muitas têm agido exatamente desse jeito. Foi o que aconteceu no caso do Masp.
Toda essa grosseria vem sendo alimentada pelas fake news, as notícias falsas espalhadas na rede. Boa parte usada como embasamento para justificar a raiva incontida. Uma espécie de telefone sem fio 2.0. Muito mais rápido e nocivo do que a divertida brincadeira de infância.
Parece engraçado, mas não é. É só chato mesmo.