Está ficando mais difícil lavar dinheiro no Brasil e no mundo.
Enquanto off shores e paraísos fiscais eram usados pelos ricos apenas para sonegar impostos, o mundo civilizado fazia de conta que nada via.
Até o dia em que os terroristas e os traficantes se deram conta de que poderiam usar os mesmos canais anônimos para financiar suas atividades e esconder seus lucros. Essa festa está acabando. Não por motivos éticos ou legais. Mas por medo.
Leia mais:
PF encontra malas e caixas de dinheiro em imóvel que seria usado por Geddel
FOTOS: as malas e caixas de dinheiro que seriam de Geddel Vieira Lima
Busca em imóvel foi motivada por risco de Geddel destruir provas, diz juiz
No caso do Brasil, há um outro fator. O círculo de confiança da bandidagem está se rompendo. Mérito da Lava-Jato. Não mais do que meia dúzia de pessoas sabia o endereço e a função do bunker de Geddel. Uma delas passou a informação para a Polícia.
Talvez algum dia, no futuro, a gente conheça os detalhes dessa história. Mas olhando para as outras, aprendemos que um bandido entrega o outro quando há briga por dinheiro, poder ou sexo. Ou para salvar o próprio pescoço.
A pessoa que entregou Geddel, quase com certeza, não estava pensando no Brasil ou na moralidade. É o que acontece quando o barco começa a afundar.
Faz algum tempo, mas não muito, ouvi de uma fonte muito influente da Polícia Federal que o órgão havia apreendido dois carros-fortes cheios de cédulas. Tipo essas encontradas ontem. É o jeito mais seguro de tentar fugir da lei, hoje ajudada por computadores e sistemas de rastreamento. Até a Suíça, a mais charmosa lavanderia do planeta, resolveu ajudar.
A apreensão de ontem faz parte desse novo contexto. Mas não nos iludamos. Esse tipo de bandido jamais deposita todos os ovos na mesma cesta. Os R$ 51 milhões recuperados em Salvador são um pedaço. De onde vieram esses, com certeza, tem muito mais. Espalhados, camuflados, protegidos. Até que algum outro bandido resolva falar.