Em sua réplica aos meus argumentos, Tulio Milman sustenta que Lula traiu o PT e diz que eu não consigo enxergar isso porque estou cego pela ideologia. Diz também que Lula foi “conivente e se beneficiou” de corrupção. Tulio não demora nem quatro linhas de sua missiva para fazer exatamente o que temos criticado no tratamento da grande mídia: condena Lula antes mesmo que se encerre o primeiro processo contra ele.
Ocorre que não há qualquer condenação à Lula até este momento. E mesmo que houvesse, poderia ser injusta. Mas, ao contrário, existem testemunhas arroladas que já depuseram ou deporão em benefício do acusado. Uma análise objetiva do processo dá mais razões para acreditar na absolvição do que na condenação de Lula. É esse tratamento preconceituoso e essa sanha pelo pré-julgamento de Lula que denunciamos.
Acompanhe, em ordem cronológica, a discussão:
1. Tulio Milman: Os grevistas não sabem, mas estão protestando é contra Lula
2. Luiz Fernando Mainardi: A greve foi um clamor por Lula!
3. Criticar Lula não é criticar o PT
Sustento que essa conduta está relacionada a uma oposição não aos fatos em julgamento na Lava Jato, mas à política de inclusão social, distribuição de renda e produção de igualdade que ele desenvolveu quando esteve no governo.
Como sustentei em meu artigo anterior, entendo que o desemprego e a instabilidade econômica foram causados por uma ruptura com o modelo de desenvolvimento da era Lula, com medidas de cunho neoliberal que começaram a ser implantadas por Levy, como ministro da Fazenda, e, depois, pela agitação golpista de Cunha e Temer.
O número de desempregados, aliás, ampliou-se em mais de 20% em apenas um ano de governo de Temer. Compreendo a posição do colunista, mas a compreendo, como já disse, num esforço de construção de uma narrativa que pretende cercar e condenar Lula, evitando que ele volte à presidência, agora mais determinado a fortalecer os espaços democráticos, inclusive no sistema de comunicação brasileiro. Por isso, divirjo.