Temer vai cair. Na verdade, já caiu. Mesmo que consiga se manter no exercício formal do cargo, não governará. Um vilão de videogame bombardeado zilhões de vezes por segundo. Rodrigo Maia, se assumir o poder, vai cair. Já caiu. Alguma coisa vai aparecer contra ele. Tanto faz se verdadeira ou não.
Por isso, se eu fosse a ministra Carmen Lúcia, jamais deixaria essa bomba cair no meu colo. O Brasil está revoltado contra a Presidência. Tanto faz quem esteja lá. Ninguém hoje tem força suficiente para resistir ao tsunami de mágoas e de denuncismos. O chefe do Executivo, figura mais visível do tabuleiro, atrai para si a revolta contra o jogo.Tudo o que acontece hoje no Brasil é fruto de um descontentamento sistêmico. Tanto faz o dançarino. Cansamos da música.
Por isso, a reforma da Previdência é irrelevante perto de uma outra, atualmente pouco badalada: a reforma política. Não há lei e sistema que resistam à falta de caráter, mas um país não funciona sem regras lógicas e transparentes que balizem as relações eleitorais, legislativas, executivas e partidárias.
Homem, mulher, petista, coxinha, juiz, militar. Qualquer um que subir a rampa do Palácio do Planalto ou entrar pela porta dos fundos automaticamente terá metade do país torcendo contra. A outra metade será questão de tempo.É por isso que os militares se mantêm discretos. Eles sabem que o desgaste do poder, na circunstância atual, é gigantesco. O melhor é ter poder sem precisar aparecer.
Precisamos de calma. Um genérico de Rivotril aplicado ao debate público. Mas nos falta, por enquanto, a receita. Enquanto isso, é manter a mira e esperar pelo próximo alvo.