Freeway. Feriado de Carnaval. Calor do cão.
O lhasa apso, inconsciente, chegou ao pedágio de Gravataí a bordo de um Santana. Agonizava, língua pendurada pra fora.
Um funcionário da Concepa fez questão de ajudar. Buscou orientação pelo rádio de comunicação interna. Iniciou uma massagem cardíaca. E o cãozinho nada.
Desesperado, o funcionário partiu para a última cartada. Respiração boca a boca. Ou, no caso, boca a focinho. Abriu com cuidado as mandibulazinhas do cusco e começou a soprar, soprar.
Lentamente, o lhasa desrevirou os olhos e voltou a si.
O funcionário foi chamado às pressas para atender a um outro chamado.
Mal deu tempo de escovar os dentes.
CONTINUE LENDO O INFORME ESPECIAL DESTE FIM DE SEMANA (4/3 e 5/3)
ORAÇÕES SOBRE RODAS
Metade capela, metade motorhome. Já são milhares de quilômetros percorridos no sul no Brasil. Pilchado, o padre Valdir Formentini, de Viamão, leva a fé aos rodeios e aos eventos da tradição gaúcha. A ideia é de 2013, quando voltou de Roma para o Brasil. Ficar em casa nos finais de semana, nem pensar. Sábado que vem, o Espaço Itinerante da Fé Gaúcha vai estar em Rolante, na Festa Campeira do Rio Grande. Com a cuia e o tanque cheios.
A CONSTRUÇÃO DA DESCONSTRUÇÃO
Quando a ambição de um governo é apenas sobreviver, quem fica sem ar é o país. Michel Temer chegou ao poder sitiado e enfraquecido. Até agora, não acumulou forças suficientes para respirar sem a ajuda de aparelhos. Pensar e executar um projeto de futuro, nem pensar. Em vez disso, a cada dia, investe suas limitadas forças para continuar em pé. Parado, sem caminhar, mas vivo.
É pouco. É quase nada.
Não só o presidente, mas as supostas cabeças estratégicas do Planalto só pensam em como atravessar vivas a tempestade da Lava-Jato. Nomear ministros para o STF, blindar amigos com cargos no primeiro escalão, fortalecer a relação com um Congresso que está de costas para o Brasil e já não representa quase ninguém.
É a moldura de uma realidade espelhada na do governo Lula, quando ostentava índices de popularidade incomparáveis e era festejado como uma alternativa de esquerda ao capitalismo selvagem, sem ameaçar a essência. Incensado e bajulado, Lula começou a acreditar que era intocável. Que era o cara. Que estava acima do bem e do mal. Que não precisava se preocupar com nada.
Temer está no outro oposto, à beira do colapso a cada instante. Um errou por soberba. O outro, por falta de coragem. Temer foi convencido de que popularidade e apoio do Congresso são incompatíveis. Um retrato triste do Brasil. Com perspectivas de melhora, se começarmos a investir tempo e atenção no que realmente importa: a eleição presidencial do ano que vem. É nela que acaba a pinguela da transição, se aguentar até lá.
Se o discurso da ética e das reformas era verdadeiro, é urgente começar a construção de nomes viáveis para a sucessão de Temer. Na década de 1970, o Milagre Econômico encobriu a realidade da repressão. Em 2017, estamos longe de um milagre. Mesmo assim, bastaram alguns sinais imprecisos de melhora econômica para que o clamor por mudanças estruturais perdesse fôlego.
Michel Temer precisa ter certeza de que, no fim, ele não será a melhor opção. E trabalhar, honesta e abertamente, para isso. As cartas devem estar sobre a mesa. Hoje, o quadro é preocupante.
As alternativas que se apresentam não empolgam. Estão comprometidas com o sistema apodrecido. É a semente do perigo. Terreno fértil para um deus ex-machina, para uma solução de força que surgirá catapultada por promessas de mudança segura e radical. O palco está armado.
Nosso Trump tupiniquim está sendo gestado em algum salão acarpetado de São Paulo ou de Brasília.
Ninguém questiona a relevância da Lava-Jato. Os prazos dos ritos legais são sagrados. Mas, se o clima de indefinição persistir até o ano que vem, a operação deflagrada para salvar o país poderá empurrá-lo para o abismo, pelo espaço aberto para algum aventureiro que odeie a política e os políticos, mas que vai acabar, a História mostra, se transformando exatamente no que jurou combater.
Só a eleição de 2018 nos salva. O voto a favor de um projeto claro, honesto, ético e humano representa uma única esperança. Um debate racional, baseado em gestão e em agendas positivas. Hoje, ao que parece, caminhamos para o triunfo do contra tudo e contra todos.
E isso, no fundo, é contra nós mesmos.
Leia também
BM aplica uma multa a cada dois minutos em estradas do Litoral Norte
Dia de Mobilização Nacional contra a gripe será em maio
Justiça arquiva ação de Dilma contra empreiteiro delator por falso testemunho
VELHOS AMIGOS
As delações da Odebrecht operam milagres. Um dos maiores: Dilma e Temer, juntos. Ambos juram, ao mesmo tempo, que tudo é mentira e que jamais receberam dinheiro para caixa 2. Ainda não apareceram abraçados. Mas nada é impossível.
BIENVENIDOS
A Avian, subsidiária low cost da Avianca na Argentina, solicitou licença para operar a rota Buenos Aires – Porto Alegre. A ideia é usar aviões médios, de 72 lugares. O governo argentino estuda o pedido.
PONTA DE AGULHA
Aumentou a procura. E o preço. Um dos poucos laboratórios que fabricam a vacina tetraviral contra a gripe A avisou que só vai entregar cerca da metade dos pedidos para clínicas particulares. Os casos no ano passado, especialmente em São Paulo, multiplicaram o interesse pela imunização. As doses chegam no fim do mês e deverão estar cerca de 15% mais caras. O esquema da rede pública é outro, com calendário próprio a ser divulgado nos próximos dias.
VÍTIMAS INVISÍVEIS
Mesmo que as dívidas sejam da gestão passada, a prefeitura da Capital tem o dever moral de pagar os atrasos do Funcriança, um dinheiro desviado ilegalmente nas barbas dos órgãos de fiscalização. Em muitos casos, é a única fonte de receita para pagar por serviços que o poder público deveria estar prestando. Além de não ajudar, nesse caso, ainda atrapalha.
RAÍZES COMUNS
O tradicional jantar comunitário de Pessach, a Páscoa judaica, deverá ser realizado neste ano na Cripta da Catedral Metropolitana. A ideia é transformar a celebração pelo fim da escravidão no Egito em uma oportunidade de aprendizado e de convivência para cristãos e judeus. O bispo-auxiliar de Porto Alegre, dom Leomar Brustolin, e o rabino Guershon Kwasniewski estão à frente da iniciativa. A data: 11 de abril.
TRIBUNA – AQUI, O LEITOR TEM A PALAVRA FINAL
Sobre a opinião de que, apesar do esforço do secretário Cezar Schirmer, não se faz segurança sem dinheiro:
...curioso pra saber quem são as pessoas de fora do governo que reconhecem o esforço do secretário de Segurança...
Alambrado Colorado @oalambrado (Twitter)
Já se dizia antigamente: "De boas intenções o inferno está cheio". Se o secretário tiver a mesma competência de quando cuidava da segurança das boates e estabelecimentos comerciais de Santa Maria, "estamos feitos". Não me recordo, a desculpa lá também foi "falta de dinheiro"??????
Vitor Stepansky
"Schirmer fez de tudo para melhorar a segurança no RS"... Tipo o quê...?
Mirgon Kayser @mirgonkayser (Twitter)
Estamos sem: governador, secretário de Segurança e por aí vai, aumento da criminalidade 100%, todos os dias famílias dizimadas, sempre uma desculpa esfarrapada, como foi mesmo dito que teria mudança na segurança ou seria prioridade? (...) Proponho um passeio pela Cidade Baixa e pelo Centro Histórico, vamos ouvir sobre descontentamento do secretário. Venha!!!!!
Elisabete Almeida
E o jornalista @TulioMilman ainda defende o secretário Schirmer?? Defende o #DesGoverno Sartori?!
Milton Bernardes @miltonbernardes (Twitter)
Sobre a frase "A gente pensava que a culpa pelos problemas da água em Porto Alegre era daquela empresa da Zona Norte fechada no ano passado":
Bora defender a privatização do Dmae então? Aí vai ficar bom, não é mesmo Tulio?
Thiago de Mattos @psythiago (Twitter)
Agora o problema é diferente.
Arroio Dilúvio @ArroioDiluvio (Twitter)