Michel Temer era o vice-presidente do governo que caiu. Foi presidente interino durante meses. Habita, há décadas, o intestino dessa besta chamada Brasília. Articulou, ouviu, tentou, errou, conspirou, avançou, recuou. Teve tempo e silêncio para pensar.
Temer tem 75 anos, situação financeira privilegiada e está inelegível. Foi condenado por doar dinheiro demais para a sua própria campanha. A um homem assim, só resta uma ambição: ser visto pela História de forma positiva.
Torço para que Temer seja vaidoso a esse ponto. Chegou a hora. O ex-vice de Dilma tem um enorme ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça. Anúncios em rede nacional não bastam. Terá de agir rapidamente. Não tem desculpa para não fazer.
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Se o novo-velho presidente do Brasil conseguir salvar a Previdência, aprovar uma reforma política de verdade, estancar a roubalheira e modernizar as leis que amarram a geração de empregos, terá feito muito. E merecerá, finalmente, o parágrafo que falta em seu currículo: o de um presidente impopular que endireitou o país.
Só assim, em 2018, o ponto de interrogação terá se transformado em exclamação. E não em reticências...
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Alvo duplo
Michel Temer vai à China em busca de investimentos e de fotos. Dirá a seus colegas chefes de governo que nossas regras serão estáveis e que as parcerias são bem-vindas. E aproveitará para aparecer ao lado dos homens e mulheres mais poderosos do mundo. É a busca da legitimidade de um governo que começa sitiado.
Jararaca
O plano dos apoiadores do impeachment ainda tem um objetivo a ser atingido. Um objetivo importante na visão dos que olham para as urnas em 2018: aniquilar Lula politicamente. Por mais que o PT esteja desgastado, quem conhece a política e o Brasil sabe da força do ex-presidente junto a numerosos segmentos da população.
Poder
Ao lado de Michel Temer na hora da posse, Ricardo Lewandowski, presidente do STF. Um pouco acima, à esquerda, a banda do Exército.
No embalo
Ricardo Lewandowski aplaudiu a assinatura do termo de posse por Michel Temer.
Jet lag
Temer tem agora uma lista de contas políticas a pagar. Deixou tudo para a volta da China.
Largada
Começou a campanha eleitoral de 2018.
Sem caneta
Lula e o PT, definitivamente longe do poder, ficam ainda mais vulneráveis.
Sina
Dilma e Tarso eram do mesmo partido. Mas mantinham uma relação distante e, em alguns momentos, tensa.Temer e Sartori são do mesmo partido. Mas não do mesmo grupo.