Nem todos os eleitores de Jardel estão envergonhados. Uma boa parte, porque nem lembra que votou nele. Outra, porque queria isso mesmo. Confusão. Jardel foi, também, uma jogada de protesto.
O ex-atacante gremista era um grande jogador. Para os colorados, algoz. Para os gremistas, salvador. Nada apaga o que ele fez com a bola nos pés - e na cabeça. Separo bem as coisas. Me atenho à dimensão política do personagem.
Mesmo antes da eleição, os problemas de Jardel já eram conhecidos. É fácil qualificá-lo agora como bandido e marginal. Jardel não é isso. Jardel é um cara que não conseguiu administrar o sucesso e a falta dele. É mais comum do que se imagina. Não se trata aqui de defendê-lo ou de atacá-lo. Mas de tentar compreender.
Não culpo seus eleitores pelo que aconteceu. Uma parte deles, talvez a maior, só queria dar uma nova chance ao ídolo. É humano. E se os eleitores dele erraram, erram menos que os eleitores de gente bem mais graúda lá em Brasília.
Há outros ex-jogadores que construíram carreiras políticas vitoriosas. Tarciso é um bom vereador, Romário, mesmo polêmico, se elegeu senador. Danrlei é outro caso de migração dos gramados para o parlamento.
Jardel recebeu na eleição passada um cruzamento na medida, sem goleiro. Era só botar pra dentro. Ele não conseguiu. Faltou força. Agora, ao que tudo indica, o jogo acabou.
Fiquemos com a imagem do centroavante subindo entre os zagueiros, no tempo certo, e cabeceando a bola para o fundo das redes. Agora, é o ex-jogador que está enredado.
O futebol ensina: só erra quem está lá para conferir. Nem isso Jardel conseguiu. Ele, simplesmente, não estava lá. Torço para que a vida dê a ele uma nova chance. Torço agora por Jardel como não
torcia quando, tantas vezes, ele decretou a derrota do meu time.