Correr acompanhado pode ser muito divertido. Mas nem sempre. Cada pessoa tem o seu ritmo, e ele pode mudar. Se faz calor ou frio, se a noite anterior foi agitada ou mais calma, se há problemas no trabalho ou se aquela contratura resolve doer um pouco mais.
Por isso, é importante combinar antes. Basta aquela perguntinha básica: "Qual pace tu vais fazer?". Se for o mesmo, ou se alguém estiver disposto a ceder, bora!
O mais importante é o que vem depois. Porque quando o longão começa, um dos dois pode se sentir pior. Ou melhor. E aí precisa haver serenidade e compreensão. De quem está segurando demais o ritmo e quer desgarrar e de quem vai mais devagar e não quer se sentir mal por prender o parceiro. Tem que falar, abrir o jogo. "Tô sobrando, vou acelerar". "Quebrei, vai fundo que vou mais devagar".
O ideal é encontrar uma dupla que corra um pouco mais que você, que puxe o ritmo, mas sem exagero. Outra opção, a que fiz no meu treino de domingo, foi combinar com o amigo, bem mais rápido do que eu, uma parceria só de ida. "Até a virada dos 7km te acompanho, depois tu toca ficha que eu vou tirar o pé".
Aconteceu numa das provas mais difíceis que fiz na vida, o Cruce de los Andes. Treinei quatro meses com o meu parceiro. Eu sempre um pouco mais rápido. Só que uma semana antes da largada peguei uma gripe. Quando valia de verdade, eu estava mais lento. Meu parceiro foi parceiro. Segurou durante 100 quilômetros para que corrêssemos juntos.
É justamente por ser um esporte essencialmente individual que a corrida é um bom exercício de pensar no outro. Maturidade, sinceridade, parceria. Correr é cada um por si, mas todos juntos no mesmo trajeto.