A Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana realiza nesta sexta-feira (1º), às 19h, uma sessão com entrada franca de Memórias de um Esclerosado (2024). A exibição integra a programação do Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre, o Frapa. Senhas devem ser retiradas uma hora antes do início da exibição. Depois, haverá debate com os diretores e roteiristas Rafael Corrêa — cartunista que tem esclerose múltipla — e Thais Fernandes, Ma Villa Real, coautora do script, e o montador Jonatas Rubert.
Trata-se de um documentário gaúcho que, merecidamente, vem colecionando prêmios.
No 52º Festival de Cinema de Gramado, em agosto, o filme recebeu quatro Kikitos na competição regional: roteiro, montagem (também assinada por Thais), desenho de som (Kiko Ferraz) e trilha sonora (André Paz). E houve uma menção honrosa a seu protagonista, o próprio Rafael. Em junho, Memórias de um Esclerosado foi o grande vencedor do Cine-PE, o Festival de Recife, com cinco Calungas, incluindo melhor filme — pelo júri e pelo público —, ator coadjuvante (para o seu personagem) e roteiro.
Nascido em Rosário do Sul mas radicado em Porto Alegre há muito tempo, criador das tiras Artur, o Arteiro, autor da coletânea Até Aqui Tudo Bem (22018) e ganhador de pelo menos 50 prêmios em concursos e salões de cartum, Rafael foi diagnosticado com esclerose múltipla em 2010. Dados o ofício e o perfil de seu personagem, o documentário tem sequências de animação e de bom humor. Há também sonho e fantasia: a investigação de Rafael sobre seu passado nos leva ao episódio da morte de um sapo, o que pode, via carma, ser a causa de sua doença. Daí o sujeito vestido de sapo que aparece de vez em quando.
Mas Memórias de um Esclerosado começa de forma dura, acertadamente. Ao simplesmente observar o árduo e complexo processo para Rafael Corrêa tomar um banho, o filme firma nossa empatia pelo protagonista e registra o quão severos são os sintomas dessa doença degenerativa sem cura. Rafael compara os danos neurológicos a um encanamento cheio de furos: a água, ou seja, o comando do cérebro para movimentar os músculos, não vai chegar ou vai chegar no lugar errado.
Não quero dar spoilers sobre o lindo epílogo, que é ornado pela pungente música composta por André Paz. Mas preciso dizer o desfecho mescla a realização de um sonho de Rafael com a celebração da magia do cinema — o toque que torna tudo ainda mais emocionante é um movimento de câmera ao final da cena, revelando engrenagens do onírico.
Não perca a sessão desta sexta, porque Memórias de um Esclerosado ainda está sem previsão de data de estreia.
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