O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Partidos identificados com a direita consolidaram o crescimento no Rio Grande do Sul e registram aumento no número de candidatos a prefeito em 2024, na comparação com a eleição anterior. O levantamento foi feito pela coluna com base em dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O crescimento é puxado principalmente pelo PL, legenda que apresenta mais que o triplo de concorrentes lançados no pleito anterior: são 142 em 2024, ante 42 postulantes em 2020, aumento de 238%.
O índice é um reflexo da expansão do próprio PL, que, apoiado na figura do ex-presidente Jair Bolsonaro, elegeu a maior bancada da Câmara dos Deputados em 2022, alcançando 99 cadeiras. O resultado permite à sigla liderada por Valdemar Costa Neto acessar pouco mais de R$ 1 bilhão, entre recursos dos fundos eleitoral e partidário, para disputar o pleito. Esta é a primeira vez que uma legenda ultrapassa a barreira bilionária.
Com a maior fatia de recursos, o maior tempo de propaganda em rádio e TV e explorando a imagem de Bolsonaro nos materiais de campanha, o partido tem como meta triplicar a quantidade de prefeitos eleitos no país — em 2020, foram 349. No Estado, a sigla tem 23 prefeitos, e a intenção é chegar a cem. A meta significaria eleger mais de dois terços dos seus candidatos, e também quadruplicar a participação da legenda nas prefeituras gaúchas.
Outro fator que beneficiou a escalada do PL gaúcho foi a crise no PTB, que gerou debandada no partido. Fundido com o Patriota, o PTB virou o Partido Renovação Democrática (PRD) e foi quem mais perdeu candidatos a prefeito. Se em 2020 o PTB disputou em 89 municípios, neste ano são 12 postulantes pelo PRD. A legenda também recuou entre os candidatos a vice-prefeito: eram 96 petebistas no último pleito, e agora são 15.
Ainda à direita do cenário, Novo e Republicanos também apresentam mais opções aos eleitores. O Novo tem sete candidatos a prefeito, mais do que o dobro na comparação com 2020, quando indicou três postulantes. Já o Republicanos teve aumento proporcional menos expressivo, ampliando de 37 para 42 nomes.
O PT que fecha a lista dos partidos com maior participação, com estabilidade nos dados: os petistas têm 137 candidatos, apenas um a mais do que em 2020. Seguindo pela esquerda, PSB e PSOL tiveram reduções consideráveis na disputa. O primeiro, que teve 70 nomes na eleição passada, terá apenas 25 neste ano (redução de 64,3%), enquanto o segundo abreviou a participação de 21 para nove candidatos (57,1% a menos).
PP tem mais candidatos
Afora PL, Novo, Republicanos e PT, todos os outros partidos médios ou grandes apresentam menos concorrentes a prefeito na comparação com o último pleito.
Mesmo com menos alternativas na comparação com 2020, o PP mantém o histórico de ser a sigla com mais postulantes a prefeito no Estado: são 258 este ano. O MDB vem na sequência, com 246 indicados.
Entre todos os municípios do RS, serão total de 175 candidatos a menos em relação às últimas eleições. Eram 1.385 em 2020, e agora serão 1.210 na disputa pela cadeira de prefeito. Também há redução de 180 candidatos disputando o cargo de vice-prefeito (de 1.394 para 1.214).
O eleitor pode estranhar que o número de candidatos a vice é maior do que a prefeito, apesar de as chapas serem conjuntas. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), a diferença ocorre em razão de candidaturas indeferidas ou candidatos que renunciaram ou faleceram e tiveram de ser substituídos, mas que ainda constam na lista divulgada pelo TSE.
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