O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Uma candidata a vereadora em Viamão alegou ao Ministério Público (MP) que foi registrada na disputa eleitoral sem ter sido consultada. Nélida Prates, 68 anos, está formalmente concorrendo pelo MDB, mas afirmou que não tem intenção de participar do pleito e que nunca assinou ou permitiu que seus dados e fotografia fossem utilizados.
Em depoimento à promotora Tatiana Alster, Nélida confirmou que é filiada ao partido desde antes da pandemia, quando costumava frequentar atividades da sigla. Entretanto, ela diz que forneceu cópia da carteira de identidade e do título de eleitor à filha a pedido do presidente da legenda na cidade, Jair Mesquita, sem saber para o que se tratava.
Ao MP, a aposentada alegou que descobriu sobre sua própria candidatura quando recebeu ligação da Justiça Eleitoral para comparecer ao cartório eleitoral.
— Perguntei (no cartório) o que seria, e me disseram: "Olha, a senhora é candidata a vereadora". Daí eu disse: "Mas como? Eu não tô sabendo de nada, não assinei nada". Única coisa que o Jair Mesquita (presidente do MDB em Viamão) me pediu foi em julho, acho, uma foto do meu documento. Eu perguntei por que e (disseram que) não vai ter problema nenhum, que por eu ser aliada tinha que ter nome e documento — depôs Nélida.
A candidatura de Nélida está registrada no TSE, e seu nome consta na lista de vereadores na ata da convenção do MDB — da qual ela garante não ter participado. O nome de Nélida não consta na lista de presenças do documento.
O caso será encaminhado à Justiça Eleitoral e o MP vai pedir a exclusão do registro de candidatura de Nélida, que reforçou não ter interesse no pleito.
Sem a aposentada, o partido não atinge a cota de gênero, que exige que pelo menos 30% dos postulantes ao Legislativo sejam mulheres.
Contraponto
Nesta quinta-feira (5), Jair Mesquita entrou em contato com a coluna e esclareceu que os contatos do partido foram feitos com a filha de Nélida, também filiada ao MDB de Viamão, e por esse motivo "ficou subentendido que ela queria ser candidata".
O presidente da legenda na cidade também afirmou que Nélida assinou carta de renúncia à candidatura na sede do partido em 15 de agosto, e que deve ser substituída na nominata "nos próximos dias".
— Não tem nenhuma ilegalidade. Nélida é nossa filiada, toda a família é filiada ao MDB de Viamão. Temos um grupo do partido, e próximo da convenção estávamos com três vagas disponíveis para mulheres. A filha da Nélida nos encaminhou a documentação da mãe e de mais duas pessoas indicando essas três pessoas que concorreriam a candidatas. Lançamos os nomes deles e foram aceitos na convenção. Não tem nenhum documento necessário para ser indicado na convenção. Temos a troca de mensagens de WhatsApp com ela que comprovam que houve autorização por parte da família.
De acordo com a legislação eleitoral, os partidos têm até dois dias antes das eleições para substituir candidatos que renunciaram à disputa.
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Rosane de Oliveira? Clique aqui e se inscreva na newsletter.