O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O candidato a deputado federal Rubens Goldenberg, do PTB, enviou nota à coluna contestando a alegação dos concorrentes de seu partido sobre a "falta de critério" na divisão de recursos do fundo eleitoral. Goldenberg recebeu a maior fatia do fundão entre todos os petebistas que disputam uma cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal: R$ 1,53 milhão. Na outra ponta, há candidatos que receberam até R$ 32 mil.
Na última segunda-feira (26), um grupo de 14 postulantes a cargos pelo PTB enviou representação ao Ministério Público Federal falando em "irregularidades graves na distribuição dos recursos". No documento, os candidatos destacaram a discrepância entre os valores do fundão nas diferentes campanhas.
Goldenberg afirma desconhecer a existência da representação e diz que não recebeu nenhuma notificação judicial até o momento. O empresário repete o argumento do presidente estadual do PTB, Elizandro Sabino, de que a partilha do fundo eleitoral segue critérios políticos no sentido de abastecer as campanhas dos candidatos com maiores chance de vitória na eleição.
O fundo eleitoral "possui critérios de distribuição baseados em análise da possibilidade real de eleição de um candidato, decisão discricionária e interna corporis de cada partido, da qual não cabe intervenção da Justiça Eleitoral", sustenta o advogado Adão Paiani, que representa Goldenberg.
Paiani argumenta que os valores destinados à campanha do candidato estão de acordo com a legislação eleitoral, "refletindo a real expectativa de vitória de sua candidatura".
Procurada pela coluna, a Procuradoria Regional Eleitoral confirmou o recebimento da representação dos candidatos do PTB questionando a divisão de recursos do fundão e informou que a questão está sob análise.
Retrospecto
Considerando os últimos desempenhos eleitorais de Goldeberng, fica a dúvida sobre qual é o conceito de "possibilidade real de eleição de um candidato" para o PTB. Em 2018, o empresário concorreu a deputado federal pelo PSL e ficou como suplente.
Em 2014, disputou o Senado pelo extinto Partido Republicanos Progressista (PRP). Ficou em último lugar entre os sete candidatos, com 5.818 votos.
Em 2008, o Goldenberg tentou chegar à prefeitura de Rio Grande pelo DEM. Ficou em penúltimo, com 977 votos dos 119.780 eleitores que compareceram naquele pleito.
Representação ao MPF
Os 14 candidatos que enviaram representação ao MPF acusam Sabino de abuso de poder econômico e político na divisão do fundão e pedem o afastamento do presidente estadual do PTB do cargo.
O documento é endereçado ao procurador-geral eleitoral, José Osmar Pumes, que atua como corregedor-geral e é responsável pela instauração de investigações durante as eleições gerais no Rio Grande do Sul.