Os últimos movimentos do MDB são de um partido que se autossabota no momento em que precisa escolher seu candidato a governador. Dividido em pelo menos três alas, o maior partido do Rio Grande do Sul vive uma crise sem precedentes. A chamada velha guarda, integrada por Pedro Simon, Cezar Schirmer, Germano Rigotto e José Fogaça, entre outros, não queria o deputado federal Alceu Moreira e não quer o deputado estadual Gabriel Souza.
A contestação da legitimidade e da legalidade da escolha do candidato pelo diretório estadual, no dia 27, feita por meio de nota oficial, não encontra guarida na maior parte da base do partido, que têm pressa na escolha. Schirmer havia dito à coluna que, se ninguém se apresentar, ele pode ser candidato. O deputado Gabriel Souza se apresentará na manhã desta quinta-feira (24) e, ao que tudo indica, será candidato único.
Os que querem a entrada de Schirmer na disputa sabem que ele não tem chance no diretório. Contavam com o apoio de Alceu para postergar a indicação, contando que ele ajudaria a deslegitimar o processo do próximo domingo, não se inscrevendo e pedindo que a escolha seja feita por uma colegiado mais amplo.
Alceu, que não nasceu ontem e sabe que lá em novembro foi esse mesmo grupo que implodiu se plano de sair candidato em dezembro, pulou fora. Na carta em que anuncia a desistência, deixou claro que se sente traído por Gabriel, que prometera não concorrer, e por outros líderes do MDB. Em síntese, não quis ser usado para viabilizar outra candidatura e resolveu que vai trabalhar pela própria reeleição. No almoço na casa do empresário Luís Roberto Ponte, na segunda-feira, o deputado já havia dito que estava magoado por ter sido abandonado pelo MDB.
Com esse movimento, o grupo de Simon e Schirmer ficou sem saída. O presidente estadual do MDB, Fábio Branco, sustenta que o processo de escolha pelo diretório é legítimo, está amparado no estatuto do partido e foi aprovado pela maioria dos membros da Executiva.
Se encontrar um nome competitivo, o grupo que não quer Gabriel por ser muito próximo do governador Eduardo Leite pode inscrever seu candidato até as 9h desta quinta-feira para disputar a eleição interna no domingo. É isso que Gabriel fará, agora já contando com o apoio de setores do MDB que ficaram órfãos com a desistência de Alceu. Se nenhum outro se inscrever, a eleição ocorrerá domingo e, ao final, Branco dará entrevista coletiva apresentando o candidato único como vencedor.
Diferença de interpretação
Os integrantes da chamada velha guarda do MDB estão convictos de que a escolha do candidato a governador pelo diretório não tem validade. O argumento é de que o estatuto do partido delega à convenção a tarefa de indicar o candidato, e que o diretório apenas poderia chamar uma pré-convenção.
Essa interpretação abre caminho para que parte do partido não reconheça Gabriel Souza como candidato, mesmo que ele seja escolhido pelo diretório, e para que outro concorrente possa se apresentar na convenção partidária, entre julho e agosto
De outro lado, aliados de Gabriel garantem que o estatuto respalda a escolha no diretório e que a convenção teria como atribuição apenas homologar a candidatura.
Me inclua fora dessa
As trapalhadas do grupo do MDB que não aceita a decisão da executiva, que delegou a escolha do candidato aos 70 integrantes do diretório estadual, não param. Na nota encaminhada ao presidente estadual do MDB, Fábio Branco, consta entre os signatários o ex-vice-governador José Paulo Cairoli. Erro crasso.
Cairoli não foi consultado e, em seu perfil no Twitter, escreveu: “Sobre o momento do @mdb15, acredito que o diálogo precisa ser esgotado antes de qualquer movimento. A inclusão de meu nome num documento enviado hoje ao presidente @fabiobrancors deve ter ocorrido por equívoco, pois não teve minha anuência final. Confio nas instâncias partidárias, nos nossos líderes históricos e na condução do presidente do nosso partido.”
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