Trinta e seis dias depois de anunciar o afastamento definitivo do Ministério Público Federal, o ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato Deltan Dallagnol assinou ficha no Podemos, com o projeto de se candidatar a deputado federal pelo Paraná em 2022. A cerimônia, em um hotel de Curitiba, foi prestigiada pela cúpula do partido, dentre os quais está o ex-juiz e atual pré-candidato a presidente Sergio Moro, que um dia foi responsável por julgar processos movidos por Deltan e seus colegas do MPF.
Ao receber o procurador mais notório da força-tarefa, hoje desmantelada, o Podemos incorpora de vez o rótulo de Partido da Lava-Jato. O estigma começou a se formar ainda na eleição de 2018, quando o então candidato a presidente Álvaro Dias prometia nomear Moro seu ministro da Justiça. Ampliou-se com a atração de parlamentares com agenda anticorrupção e solidificou-se com a filiação do ex-juiz.
Nos tempos áureos da operação, Deltan e Moro dividiram o protagonismo e tornaram-se símbolos de combate à corrupção em todo o país - ao menos até a divulgação de mensagens trocadas entre os dois, pelo site The Intercept.
No pronunciamento, o ex-procurador defendeu as ações da Lava-Jato e disse que todas as operações "seguiram a regra do jogo". E, de forma previsível, reclamou da corrupção e de decisões dos três poderes que, em sua visão, atrapalham o combate ao crime e anularam conquistas da Lava-Jato.
— Vimos a aprovação de regras que amarram o trabalho de procuradores e juízes, na investigação e no processamento de pessoas poderosas. Que esvaziam as colaborações premiadas. Vimos passarem regras que impediriam as prisões preventivas da Lava Jato — discursou.
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