O convite do senador Luis Carlos Heinze à deputada Liziane Bayer para ser candidata a vice ou ao Senado empurrou a ex-senadora Ana Amélia Lemos um pouco mais para fora do PP. Liziane foi eleita pelo PSB, mas deve migrar para o Republicanos na janela partidária de março. Ana Amélia está analisando “os honrosos convites" que recebeu de PSD, PSDB, Republicanos e União Brasil (DEM+PSL) e que “muita água ainda vai passar por baixo da ponte”.
— Ao se lançar candidato a governador, o senador Heinze criou um fato consumado e a porta se fechou para uma candidatura progressista ao Senado. Nenhum partido pode disputar com chapa pura. Fui rifada, mas entendo perfeitamente as pretensões do senador, que se elegeu com o apoio de Jair Bolsonaro — diz a ex-senadora.
A relação entre os dois ficou estremecida em 2018, quando Ana Amélia aceitou ser vice de Geraldo Alckmin (PSDB) e Heinze teve de desistir da candidatura a governador. A ex-senadora diz que quem pensa que com a votação que teve em 2018 Heinze teria chegado ao Piratini ignora a política e a matemática:
— Na renovação de dois terços, o candidato recebe, a rigor, dois votos, diferentemente do governador, que não disputa nas mesmas condições. Bolsonaro, inteligentemente, decidiu não apoiar nenhum candidato ao governo porque sabia que no segundo turno, nos Estados, teria dois palanques, como ocorreu no Rio Grande do Sul. Ele disse que gravaria apoio apenas aos candidatos de seu partido, à época o PSL, e assim foi. Gravou vídeos para os candidatos de Santa Catarina, Rondônia e Roraima e todos venceram a eleição.
Secretária de Relações Federativas e Internacionais do governo Eduardo Leite, Ana Amélia tende a entrar para um partido que apoie o governador gaúcho, se ele vencer a prévia do PSDB no próximo domingo (21). A ex-senadora diz que, com a polarização e radicalização política, chegou a pensar em desistir de disputar as próximas eleições, mas concluiu que não poderia se acovardar em relação a essa disputa:
— Renovação de apenas um terço torna a disputa muito mais difícil, mas creio que a minha produção legislativa entre 2011 e 2019 foi apreciável. Não fui uma senadora monotemática.
Na semana passada, Bolsonaro sancionou lei de sua autoria reconhecendo a fibromialgia como doença crônica. A lei da quimioterapia oral paga por planos de saúde, também de sua autoria, está em vigor desde 2015.
— Outro projeto meu, o que moderniza o registro da pesquisa clínica, de alto interesse para cientistas, pesquisadores, pacientes, indústria farmacêutica, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Falta apenas o plenário deliberar — completa.