O primeiro burburinho veio com a notícia do apoio da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) a um manifesto da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) que pregava o óbvio: a necessidade de harmonia entre os poderes e a defesa da democracia. Como se fosse uma afronta ao governo de Jair Bolsonaro, os presidentes do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciaram a saída das duas instituições da Febraban.
Na terça-feira (31), o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, recuou na divulgação do tal manifesto e a bola de neve continuou crescendo. A direção da Febraban divulgou nota dizendo que assinou o manifesto, mas não participou da elaboração de texto que contivesse críticas ao governo ou oposição à atual política econômica. Uma versão do documento a que a jornalista Julia Dualibi teve acesso dizia que os signatários "veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas" e sustentava ser "primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe".
"O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade", diz o comunicado da Febraban.
A rigor, o sentido é o mesmo: ninguém tem a ganhar com a instabilidade institucional. Os investidores acompanham apreensivos a escalada das tensões em Brasília e as ameaças de grupos de aloprados de invadir o Supremo Tribunal Federal na manifestação de Sete de Setembro.
Além da Febraban, a carta contava com a assinatura de cerca de 200 entidades de classe – entre elas a Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), a Fecomércio e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Sem que o impasse com a Febraban estivesse resolvido, apesar do recuo da Fiesp, outro foco de divisão de empresários surgiu em Minas. Pouco depois de o presidente da Federação das Indústrias de Minas (Fiemg), Flávio Roscoe, divulgar nota questionando decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendendo sites investigados pela divulgação de fake news, um grupo de mais de 200 empresários e executivos mineiros divulgou documento nesta quarta-feira em defesa das instituições brasileiras, da democracia e do Estado de Direito. Entre os signatários está o dono da Localiza, Salim Mattar, que foi ministro da Secretaria de Desestatização de Bolsonaro, e pesos pesados da economia mineira.
Chamado de Novo Manifesto dos Mineiros, em referência ao documento de 1943, que exigia o fim do Estado Novo e a redemocratização do Brasil, a nota diz que “a ruptura pelas armas, pela confrontação física nas ruas, é sinônimo de anarquia, que é antônimo de tudo quanto possa compreender uma caminhada serena, cidadã e construtiva”.
“A democracia não pode ser ameaçada, antes, deve ser fortalecida e aperfeiçoada. O que se pretende provocar é outro tipo de ruptura: a ruptura através das ideias e da mudança de comportamentos em todas as dimensões da vida”, diz o manifesto dos mineiros.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.