A capital do Rio Grande do Sul ensaiou a criação de uma espécie de passaporte sanitário para garantir a segurança da população na retomada dos eventos, mas o prefeito Sebastião Melo acabou por desautorizar o secretário da Saúde, Mauro Sparta, e o diretor de Vigilância em Saúde, Fernando Ritter. Entre a opinião dos técnicos, o prefeito preferiu ouvir a gritaria de duas vereadoras — Nádia Gerhard (DEM) e Fernanda Barth (PRTB).
Com o aumento da circulação da variante Delta, o prefeito deveria rever sua decisão, mas é improvável que que o faça, mesmo sendo esse o caminho adotado em outras cidades do Brasil e do mundo. Melo comprou a versão de que vale mais a liberdade dos que não querem se vacinar contra a covid-19 do que a segurança dos vacinados.
De certa forma, o debate lembra o travados nos anos 1980, quando os fumantes invocavam o direito de soltar baforadas nos não-fumantes, invocando a sua liberdade. Hoje isso é passado, a vida falou mais alto e ninguém mais é obrigado a fumar por tabela.
Não está em jogo a liberdade dos não vacinados de frequentar shows e estádios de futebol, quando isso for permitido pelo governo do Estado, que resiste em afrouxar as restrições, mas a vida de todos os porto-alegrenses. O passaporte está sendo adotado em cidades como Nova York e em 21 países europeus como forma de proteção da vida. Protestos contra a medida têm sido registrados principalmente na França e na Alemanha, mas os governos resistem.
Na Europa e aqui, os que protestam contra a medida chegam ao absurdo de comparar a situação dos não-vacinados com os judeus assinalados com a estrela de Davi pelas tropas de Hitler. Essa comparação, inadequada sob todos os pontos de vista, é um desrespeito ao povo judeu e às mais de 6 milhões de vítimas do Holocausto. Hitller marcava os judeus persegui-los. Os governos modernos querem apenas dar aos vacinados a garantia de transitar em ambientes mais seguros e estimular a vacinação para reduzir a mortandade pelo coronavírus.
Nova York tem 71,8% dos adultos vacinados com pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 e passará a exigir um certificado de vacinação para liberar a entrada de pessoas em restaurantes, academias e locais de entretenimento, como anunciou na semana passada o prefeito Bill de Blasio.
O passe sanitário será cobrado dos cidadãos que residem ou visitam a cidade a partir da segunda quinzena de agosto. Ou seja: mesmo os brasileiros que têm dinheiro para fazer a quarentena de 14 dias no México ou em outro território aceito pelos Estados Unidos terão dificuldade para frequentar lugares públicos em Nova York, se forem “antivax” convictos.
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