Em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (4), governadores de 14 Estados cobraram celeridade do governo federal na compra e aplicação de vacinas contra o coronavírus no país. No documento, os gestores estaduais lembram que o percentual de vacinas aplicado em território nacional ainda é muito baixo e que, no ritmo atual, o Brasil passará o ano lamentando perda de vidas.
Mais cedo, em passagem pelo aeroporto de Uberlândia (MG), Bolsonaro ironizou os pedidos que recebe para a aquisição de imunizantes. Em meio a aglomeração, o presidente alegou que não há doses disponíveis no mercado mundial.
— Tem idiota que diz "vai comprar vacina". Só se for na casa da tua mãe. Não tem para vender no mundo — disse o presidente, aplaudido por seus apoiadores.
Na mensagem a Bolsonaro, os governadores relatam que, nos últimos meses, abriram milhares de novas vagas em leitos de UTI, contrataram profissionais de saúde e compraram equipamentos, além de orientar a população sobre os cuidados com a covid-19. Entretanto, dizem que esse conjunto de medidas "demonstra estar próximo do exaurimento".
Os governadores reconhecem que há uma procura intensa por vacinas em todo o mundo, mas dizem que é preciso agilizar os mecanismos de compra e explorar todos os meios de aquisição disponíveis.
"Se não tivermos pressa, o futuro não nos julgará com benevolência. Por isso, pedimos ao Governo Federal, especialmente por meio dos Ministérios da Saúde e das Relações Exteriores, esforço ainda maior para obter, em curto prazo, número consideravelmente superior de doses. Caso seja possível, sugerimos também o requerimento de apoio e intermediação da Organização Mundial da Saúde", diz o documento.
No fim da carta, os 14 gestores estaduais se colocam à disposição da União para colaborar na aquisição de vacinas e dizem confiar que o governo pode acelerar os procedimentos para a aquisição de novas doses "utilizando a importância geopolítica, histórica e econômica do Brasil".
Além do governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, também subscreveram a mensagem Renan Filho (Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Renato Casagrande (Espírito Santo), Flávio Dino (Maranhão), Mauro Mendes (Mato Grosso), Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Belivaldo Chagas (Sergipe).
Os governadores do Paraná, Ratinho Júnior, e de Santa Catarina, Carlos Moisés, não assinaram a carta. Assim como o RS, os dois Estados estão com o sistema de saúde em colapso em razão da pandemia.