Quatro dias depois do primeiro contato com a prefeitura, o Hospital Porto Alegre começou a receber pacientes do SUS em leitos clínicos e de unidade de terapia intensiva (UTI). Com 18 vagas, os leitos de UTI devem lotar nas próximas horas, seja pela chegada de pacientes em estado grave, seja pela rápida evolução dos internados em leitos clínicos.
Às 10h30min desta segunda-feira (22), já havia 11 leitos de UTI ocupados, mais três pacientes a caminho e um que estava em leito clínico e teve a situação agravada.
O diretor-presidente do Porto Alegre, Jair Dacás, conta que ele e a direção do hospital passaram o fim de semana organizando espaços e remontando equipes que haviam sido desmobilizadas quando o Centro Clínico Gaúcho rompeu o convênio, deixando a instituição sem pacientes:
— Chamamos pessoas que estavam na praia e todos voltaram entusiasmados, mesmo estando com os salários atrasados.
Para receber mais pacientes, o Hospital Porto Alegre precisa que a prefeitura adiante recursos, porque alguns insumos só são comprados mediante pagamento à vista, dadas as dificuldades de crédito da instituição.
— Não podemos aceitar pacientes sem ter a certeza de que poderemos fornecer os medicamentos necessários — diz o médico.
O custo de manter um paciente entubado em UTI é de cerca de R$ 3,5 mil. Se precisar de hemodiálise (de 30% a 40% dos pacientes entubados precisam), o custo sobe para R$ 5 mil.
Parte dos medicamentos usados em pacientes de covid tiveram aumentos exorbitantes desde o início da pandemia, segundo Dacás. Uma ampola de 10 ml de Midazolan, medicamento usado em pacientes em ventilação mecânica, que custava R$ 4,50 antes da pandemia, hoje não sai por menos de R$ 26. Chegou a R$ 53 no ano passado.
Melo anunciou também que vai requisitar leitos do Beneficência Portuguesa. A situação é diferente do Hospital Porto Alegre, com o qual foi adotado o sistema de contratualização, porque a Beneficência tem dívidas com a prefeitura. O prefeito também pretende analisar a situação do Hospital Parque Belém, para encontrar uma saída jurídica que permita a utilização de suas instalações.