Bastou o barulho nas redes sociais para o presidente Jair Bolsonaro revogar o decreto que a oposição e as corporações carimbaram como a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS). Inepto na comunicação, o governo publicou um decreto de poucas linhas, abrindo a possibilidade de instituições privadas assumirem a gestão de Unidades Básicas de Saúde e concluírem, para depois administrar, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que estão apodrecendo ao relento, à espera de recursos para a conclusão de obras inacabadas.
Não era o fim do mundo, mas as redes sociais amplificaram a gritaria de quem não viu e não gostou e Bolsonaro recuou, temendo perder popularidade. O decreto previa apenas um estudo de parceria com a iniciativa privada, coisa muito diferente de privatizar um serviço de natureza pública.
O governo errou na forma ao publicar o decreto sem detalhar o que pretendia e deixou aberto o flanco para que a desinformação se espalhasse pelo país. Não era o fim do SUS, como apregoaram os mais apressados, mas, em vez de esclarecer, Bolsonaro preferiu revogar, com receio de perder apoiadores.
Visto sem preconceito e à luz de experiências em andamento no Rio Grande do Sul, o decreto poderia ser uma porta para qualificar os serviços do SUS, hoje alvo de críticas por duas deficiências. Porto Alegre e várias cidades do Interior que repassaram serviços a entidades filantrópicas e conseguiram melhorar o atendimento.
A revogação é mais uma derrota para o ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem partiu a ideia da parceria com o setor privado para concluir obras inacabadas e gerenciar unidades básicas de saúde.
Como o dinheiro público é escasso, e os municípios não querem se responsabilizar pelo custeio de UPAs, prédios que deveriam estar sendo usados para atender a população e que consumiram dezenas de milhões de reais, seguirão como elefantes brancos, monumentos à incapacidade de planejamento do setor público.
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