Se o presidente Jair Bolsonaro imagina que indicar Abraham Weintraub para um cargo em Portugal é uma “saída honrosa” para o ministro da Educação, deve prestar atenção no que diz a imprensa portuguesa. Nesta quarta-feira (17) o Diário de Notícias estampou em manchete na edição digital: “Pior ministro de Bolsonaro pode estar a caminho de cargo em Portugal”.
O texto diz que “na corda bamba, o titular da educação Abraham Weintraub, conhecido pelas trapalhadas na condução da pasta, pelos constantes erros ortográficos, por chamar os juízes do supremo de ‘vagabundos’ e por protagonizar figuras constrangedoras nas redes sociais, é equacionado para posto diplomático em Lisboa”.
Na chamada, o jornal lembra que a hashtag “pior ministro da história” se tornou uma das mais compartilhadas e comentadas do país e que essa opinião é corrente nos meios jornalísticos e acadêmicos brasileiros. Cita, também, o editorial de terça-feira (16) da Folha de S.Paulo com o título "Jagunço do bolsonarismo que envergonha a pasta”. Lembra que, em fevereiro, até estudantes do departamento da Universidade de São Paulo em que Weintraub se formou exigiam a sua renúncia.
O jornal, um dos mais influentes de Portugal, diz que o ministro ficou conhecido pelo acúmulo de erros de português utilizados nos seus tweets e até em documentos oficiais. Detalha que em ofício enviado ao colega da economia reclamou da "paralização" das pesquisas e da "suspenção" de verbas em vez de se referir a "paralisação" e "suspensão".
Em resposta ao deputado Eduardo Bolsonaro, agradeceu o apoio dele e notou uma questão ainda mais "imprecionante" no lugar de "impressionante". Reclamou de notícias dizendo que ele "insitaria" à violência, quando o correto é usar "incitaria". Confundiu o escritor checo Kafka com kafta, um petisco de origem árabe muito apreciado no Brasil e chamou os apoiadores do ex-presidente Lula de "acepipes" (aperitivos), presumindo-se que queria usar asseclas (aliados, admiradores).
Na reportagem, Diário de Notícias também cita o incidente diplomático com a China, quando Weintraub usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para zombar dos chineses. “Cebolinha troca os ‘r’ por ‘l’, um estereótipo utilizado em relação aos orientais”, registra o Diário.
Para além das gafes, o jornal português destaca que “além da forma, o conteúdo da sua política foi o que mais provocou a revolta de educadores e estudantes em geral”. Diz que a situação de Weintraub no governo tornou-se quase insustentável depois da sua participação, no fim de semana passado, na manifestação da milícia armada pró-bolsonarista "300 do Brasil" na qual reforçou sua opinião de que os ministros do Supremo Tribunal Federal são vagabundos, frase dita na reunião ministerial de 22 de abril.