A audiência foi baixa — não mais de 300 pessoas assistindo à transmissão ao vivo — , mas a “passeata virtual” da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em defesa da democracia e do Judiciário teve valor simbólico. Além de unir os magistrados, foi subscrita por mais de 200 entidades.
De volta ao trabalho depois de duas semanas afastado por problemas de saúde, o presidente do Supremo Tribuna Federal (STF), ministro Dias Toffoli, defendeu uma trégua entre os poderes, mas foi duro com o presidente Jair Bolsonaro. Disse que as atitudes dúbias de Bolsonaro têm assustado a sociedade brasileira:
— Não é mais possível atitudes dúbias. Eu tenho certeza que o presidente Jair Bolsonaro, em todo o relacionamento harmonioso que tenho com sua excelência, como tenho com seu governo e com o vice-presidente Hamilton Mourão, eles juraram defender a Constituição e são democratas, chegaram ao poder pela democracia e pelo voto popular, merecem o nosso respeito. Mas algumas atitudes têm trazido uma certa dubiedade, e essa dubiedade impressiona e assusta a sociedade brasileira. E hoje não mais só a sociedade, também a comunidade internacional das nações, também a economia internacional.
O ministro disse que o momento deve ser de união entre Executivo, Legislativo e Judiciário para minimizar os efeitos da covid-19 na economia e na saúde:
— Nós precisamos de paz institucional, nós precisamos de prudência, precisamos de união no combate à covid e aos seus efeitos colaterais.
Toffoli criticou os protestos que pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal:
— Críticas podem ser feitas, podem ter tramitação no Congresso Nacional propostas de alteração de composição, proposta de alteração de forma de condução, proposta de reestruturação do poder Judiciário. Isso faz parte do jogo democrático, faz parte da democracia, sendo feito através das emendas constitucionais adequadas. O que não tem cabimento são manifestações que são atentatórias ao estado democrático de direito, no sentido de se fechar o STF, de se demitir 11 ministros do Supremo e colocar o que no lugar? Fazer o quê? Trazer o que como solução?
A presidente da AMB, Renata Gil, reforçou a defesa da classe:
— Cada magistrado atacado por exercer o seu ofício, seja ele juiz de primeiro grau, desembargador ou ministro, merece proteção, pois o que está em jogo é a independência judicial, valor e princípio inegociável, na medida que sua sede constitucional configura verdadeiro escudo da própria sociedade, de cada cidadão.